O deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB) admitiu ter indicado algumas contas para o recebimento de dinheiro supostamente desviado da Assembleia Legislativa. No entanto, negou qualquer envolvimento em transação ilícita ou ter se beneficiado do possível esquema. Ele era o presidente em exercício do Parlamento Estadual na oportunidade devido a uma decisão judicial que afastou José Riva do comando da Assembleia.
A admissão por parte do peemedebista ocorreu, esta tarde, antes dele prestar depoimento à juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, em uma ação penal contra o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), quando ainda ocupava o cargo de primeiro-secretário na Assembleia Legislativa.
De acordo com informações do MidiaNews, Romoaldo indicou para o ex-deputado estadual José Riva a conta de uma rede de postos de combustíveis para pagamento de despesas de seu gabinete. Ele afirmou que não tinha conhecimento que tal despesa, de R$ 794 mil, foi paga com dinheiro que, em tese, teria retornado a Riva após o pagamento ao banco.
“Qual foi meu susto? Quando fizeram a operação, prenderam vários advogados, saiu uma delação onde foram feitos vários pagamentos, inclusive de pessoas aonde eu usava a estrutura da Assembleia. Enquanto presidente, aumentou demais a minha demanda e também a estrutura. Sei que o posto que eu abastecia e toda a estrutura da presidência está envolvido. Não teve vantagem pessoal para mim, mas sim da estrutura da casa. Se pagaram sem licitação, sem o ordenamento financeiro correto, está errado. Mas desvio não houve”.
O parlamentar disse que a empresa era fornecedora “habitual” da Assembleia Legislativa. “Quando a Assembleia cessou o contrato com a empresa Amazônia, houve aquela delação premiada do Junior Mendonça [delator da Ararath e dono da empresa], que fornecia à Assembleia. Então nós procuramos outro fornecedor”.
Romoaldo também negou a ocorrência de qualquer desvio no pagamento do valor devido pela Assembleia ao banco HSBC. “Existia essa ação do HSBC há 18 anos. Perdemos na Justiça, segunda instância, na terceira e o advogado procurou o setor competente, que é a Procuradoria da Casa, para buscar um acordo. Saiu o acordo, saiu o parecer favorável, nós pagamos. Quer dizer, a Assembleia tinha esse débito junto ao HSBC”.
O deputado foi citado por José Riva como um dos beneficiados do suposto esquema que teria desviado R$ 9,4 milhões da Assembleia. O valor foi pago indevidamente ao então advogado do HSBC e delator dos supostos crimes, Joaquim Fabio Mielli Camargo, em 2014. Esta situação culminou na operação Ventríloquo.
Riva alegou que o peemedebista recebeu R$ 1 milhão em depósitos de contas indicadas. Romoaldo nega este fato. “Eu sou amigo pessoal do Riva há mais de 20 anos. Acho que quando a pessoa está presa, como o Riva, faz qualquer coisa para sair. Eu vou explicar tudo no momento certo”.