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Deputada de MT compara ex-ministro da Educação a criança que frauda notas do boletim

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Só Notícias/Marco Stamm (foto: Agência Câmara/arquivo)

A deputada federal Rosa Neide (PT) criticou duramente o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que vai para o quarto ministro da Educação em pouco mais de um ano e meio de gestão. A parlamentar, que é professora de carreira e que integra a Comissão de Educação da Câmara Federal, comparou o último, Carlos Alberto Decotelli, a uma criança que frauda as notas do boletim para escapar da bronca dos pais. Ele pediu demissão ontem após uma passagem relâmpago de pouco menos de uma semana e antes mesmo de tomar posse oficialmente.

“Pensávamos que receberíamos um ministro que voltaria os olhos para o financiamento da educação básica no Brasil. Aí chega um ministro que conta mentira até da sua formação. Me lembro como professora, com mais de 35 anos de trabalho, do início da minha formação quando uma criança ou de um adolescente recebia o boletim de informação na escola, levava-o para casa e trocava a cor vermelha das notas por uma cor azul para enganar os pais. Qual era a cobrança que os pais e nós professores fazíamos para essas crianças? E agora, que exemplo é este? Um ministro da Educação que cria um factoide em relação ao seu currículo”, lamentou.

A parlamentar lembrou que, além das trocas de ministros, o Ministério da Educação colecionou outras crises e disse que faltaram projetos para a pasta. “Vamos para um quarto nome e o projeto de desprezo pela educação continua”, cobrou. “Já passaram pelo MEC: Olavista trapalhão; Olavista autoritário; Ala Militar: pós-doutor fake, doutor fake, professor fake. O que vem pela frente?”, questionou.

Carlos Alberto Decotelli pediu demissão do Ministério da Educação ontem à tarde. Sua posição ficou insustentável depois de várias inconsistências em seu currículo. Ele apresentou-se como pós-doutor pela Universidade de Wüppertal, da Alemanha, e doutor pela Universidade Nacional de Rosário, da Argentina, mas os dois títulos foram negados pelas respectivas instituições. Sua dissertação de mestrado foi acusada de plágio e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) negou que ele tenha sido professor titular, conforme constava em currículo.

Além de Decotelli, já caíram outros dois ministros da Educação. O governo Bolsonaro começou com o colombiano Ricardo Vélez Rodrigues, que ficou de janeiro a abril de 2019 e que chegou a dizer que “o brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas de hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião, acha que pode sair de casa e carregar tudo”.

Vélez Rodrigues foi substituído por Abrahan Weintraub, nome ligado à ala ideológica que criou inúmeras crises, inclusive diplomáticas, até dizer que “eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF” e ver sua permanência ficar insustentável até o dia 20 de junho. Weintraub foi premiado com a indicação para um cargo no Banco Mundial.

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