A Polícia Federal apreendeu documentos (cerca de 10 folhas), hoje, em agências de um banco em Cuiabá e em São Paulo, como parte da 8ª fase da Operação Ararath. São documentos relativos a contas correntes de pessoas já investigadas em outras fases da operação, deflagrada em 2013 para desbaratar um complexo esquema de lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro.
O Bic Banco, sob o superintendente em Mato Grosso, Luiz Carlos Cuzziol, é a única instituição financeira oficial investigada na Ararath até o momento. Cuzziol é réu em uma ação penal que já está conclusa para receber decisão desde o dia 13 deste mês. Entre os alvos da investigação nessa fase está uma gráfica suspeita de estar em nome de “laranjas”.
A Operação Ararath foi deflagrada em novembro de 2013 depois que a colunista Kharina Nogueira, procurou a Polícia Federal e contou detalhes dos negócios ilegais realizados por seu ex-marido, o empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça. Ele utilizava suas empresas, Globo Fomento Ltda e Amazônia Petróleo como “instituições financeiras piratas” para operar factorings e emprestar dinheiro para políticos e empresários. Mendonça fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e revelou detalhes e nomes de vários envolvidos resultando em outras fases da operação.
Na 5ª fase, em 20 de maio do ano passado, o então presidente da Assembleia, José Riva (PSD), o ex-secretário de Fazenda Eder Moraes (PSH) e o então governador Silval Barbosa(PMDB) foram presos. Silval, ainda governador, foi preso em seu apartamento por posse ilegal de arma. Também foram cumpridos mandados de prisão na Prefeitura de Cuiabá e na casa do prefeito Mauro Mendes (PSB) investigado sob suspeita de ter assinado sem licitação, um contrato de R$ 3,7 milhões com a Amazônia Petróleo. Uma nota promissória no valor de R$ 3,8 milhões assinada por Mendes foi apreendida em poder de Júnior com vencimento em janeiro de 2014.
Ainda foram alvos da 5ª fase, integrantes do Tribunal de Contas do Estado (TCE), da Assembleia Legislativa de Mato Grosso e do Ministério Público Estadual. As suspeitas do MPF e da PF é que pelo menos R$ 500 milhões tenham sido movimentados nas contas de factorins de fachada operadas por Júnior Mendonça e outras empresas de investigados. Partes desses valores, conforme denúncias já oferecidas pelo MPF, teriam sido usadas para custear campanhas políticas e até a compra de uma vaga no TCE ocupada pelo atual conselheiro Sérgio Ricardo (PR). O senador Blairo Maggi (PR) também é investigado num inquérito sigiloso sob a tutela do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em um vídeo, o ex-secretário Eder Moraes faz várias revelações a promotores de como funcionaria o esquema e o governo do Estado pagaria os empréstimos fraudulentos e que agia em nome do ex-governador Silval Barbosa. Eder declarou, por exemplo, que um dos empréstimos feitos com Junior Mendonça seria para comprar sentença judicial e o prefeito de Sinop, Juarez Costa, não ser afastado do cargo (primeiro mandato). Junior Mendonça, em delação premiada, também afirmou ter feito empréstimo de R$ 500 mil para que o prefeito fosse mantido no cargo.
Sergio Ricardo e Juarez Costa negam envolvimento com o caso. Eder Moraes está preso.