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Cuiabá: Mauri diz que não fará "compras direcionadas"

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O episódio dos medicamentos de alto custo comprados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), mas não distribuídos aos pacientes e que venceram dentro do almoxarifado do Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde (Ipas), Organização Social de Saúde (OSS) contratada para gerenciar o armazenamento e distribuição dos remédios, fez o atual secretário estadual de Saúde, Mauri Rodrigues de Lima (PP), sair da defensiva e partir para o contra-ataque.

Diante da gravidade do problema, pois centenas de pacientes que precisam dos remédios para continuar o tratamento de câncer, aids, diabetes, e outras doenças crônicas graves que podem evoluir para óbito se não receber a medicação, estão há mais de um ano desamparados enquanto um lote inteiro com centenas de medicamentos venceu levando para o ralo dinheiro público e colocando vidas em risco, o assunto ganhou repercussão nacional. E claro, Mauri Rodrigues ficou no meio do fogo cruzado, sendo que deputados estaduais de seu próprio partido pediram "sua cabeça", ao governador Silval Barbosa (PMDB) que por sua vez se recusou a demitir o secretário.

Mas nos bastidores circulam boatos de que Mauri ainda não está totalmente "salvo" de uma possível exoneração, uma vez que no início desta semana o assunto deverá voltar a ser tratado com o governo e membros do Partido Progressista, que continuam pedindo a saída de cargo.

Acontece que Mauri resolveu partir para o contra-ataque e fez sérias acusações em relação à gestão anterior, de Vander Fernandes e Pedro Henry, ambos do PP. "Eu fui mal interpretado aqui e quero esclarecer que eu não disse que não iria comprar os medicamentos para a Farmácia de Alto Custo. Estou apanhando já faz 15 dias injustamente. Eu aguento apanhar, estou aqui pra isso, mas chega. O que eu disse é que não ia fazer as velhas práticas que aconteciam dentro da secretaria, de compras direcionadas e sem qualquer critério", afimou.

As declarações foram feitas na presença de dezenas de conselheiros de Saúde e da ouvidora-geral do Sus, Edna Marlene da Cunha Carvalho durante reunião na última quarta-feira (05) para discutir a falta de medicamentos de alta complexidade em todo o Estado ao passo que uma grande quantidade desses remédios venceu e serão descartados.

Mauri afirmou que boa parte das compras de medicamentos na gestão anterior foi feita sob judicialização que está o incomodando desde o dia em que ele assumiu a secretaria no final de janeiro deste ano." Essa gestão mudou a maneira de comprar e daí começou o boicote dentro da Secretaria. Estou cansado de ser injustiçado, de imaginar que nós temos essa responsabilidade", esbravejou Mauri.

Segundo o secretário, ninguém vai ter o direito de falar que não está tendo o sacrifício desta equipe pra fazer a reposição de medicamento que está ligando para fornecedores do Brasil inteiro para tentar comprar os lotes de remédios em falta. "Estou cansado dessa situação", disse ele afirmando que se os conselheiros de saúde quiserem podem gravar as ligações. "Isso é transparência, não é compra direcionada ou da maneira judicializada que acontecia", afirmou, ressaltando que "quem quer vender que venda, desde que tenha preço e concorra de forma transparente dentro da Secretaria por determinação do governador".

Em outro trecho de seu discurso ele disse: "vou reafirmar de novo, não estou negando a compra, mas não vou me dobrar à maneira como estava sendo conduzida, sem critério de preço, sem critério de compra, não vou me dobrar a isso, não vou fazer isso", enfatizou. Ainda na defensiva, Mauri Rodrigues ressaltou que é preciso deixar claro que essa dificuldade em conseguir comprar medicamentos afeta o país inteiro, a situação dos laboratórios que estão em falta de remédios para fornecer. Disse que parte desse problema é causado pela "maldita portaria 172 que dificulta a aquisição de medicamentos pelo estado de Mato Grosso e dificultou a vida da secretaria por inteiro".

Sobre o contrato com o Ipas que já recebeu cerca de R$ 7 milhões, Mauri anunciou nesta sexta-feira (07) que rompeu o contrato, pois a organização não cumpriu com seu dever em 100%, uma vez que deveria ter alertado sobre o prazo de vencimento dos medicamentos já comprados e disponíveis no estoque. Pelo menos 20 servidores públicos também estão sendo investigados para apurar a responsabilidade de cada um no caso.

 

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