A Justiça acatou a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) e tornou réu em processo que apura uma tentativa de compra de decisão judicial o presidente da Câmara de Cuiabá, João Emanuel (PSD). Além dele, outras nove pessoas foram acusadas de participação no esquema, que visava a soltura de integrantes de uma família composta por traficantes de drogas.
Na denúncia, os promotores do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) afirmam que o parlamentar, à época candidato, foi o grande operador da tentativa de soltura da família Pagliuca. "As interceptações telefônicas comprovam que o denunciado João Emanuel Moreira Lima foi a pessoa quem pegou o serviço para a compra da decisão judicial para soltura dos traficantes".
Conforme a denúncia, era Emanuel quem comandava as ações do estudante de Direito Marcelo Santana. Os dois confirmaram terem se conhecido em uma universidade, onde Emanuel dava aulas. Além do vínculo entre os 2, o Gaeco tem registros telefônicos e conversas em que o nome do vereador é citado e uma das gravações em que ele atende o traficante Adalberto Pagliuca Filho, que se identifica como "Betão".
Em outra conversa com um dos denunciados, José Maria Machado, Santana afirma que aguardava Emanuel para uma ida à Penitenciária Central do Estado (PCE). Ouvido pelo Gaeco, Emanuel confirmou que esteve na unidade prisional em duas oportunidades para conversar com Pagliuca, mas apenas para discutir uma possível contratação. No entanto, reconheceu que indicou o estudante de Direito para trabalhar no caso.
Ele negou conhecer Machado, mas registros de ligações apontam ao menos 6 telefonemas trocados entre ambos. Além de Emanuel e Machado, foram denunciados Ailton Rodrigues de Pádua, Adalberto Pagliuca Neto, Régis Aristide Pagliuca, Regina Célia Cardoso Pagliuca, Joelson Alves da Silva, Elaine Cristina Pagliuca Silva, Joelma Alves da Silva e Ana Alves da Silva. Todos vão responder por corrupção ativa.
A participação de Emanuel foi levantada pelos promotores após a deflagração da operação "Assepsia", em abril deste ano, que terminou com a prisão de um advogado, um servidor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e um estagiário que tentaram comprar a soltura dos Pagliucas, oferecendo R$ 1 milhão.
Quando a denúncia foi oferecida, Emanuel negou qualquer participação com o caso e que participava do processo apenas na condição de testemunha.