
Sugerida pelo vereador Paulo Araújo (PSD) e elaborada pela Procuradoria-Geral do Município, a Lei Complementar 370 determina em seu artigo primeiro que o município de Cuiabá, para fins de pagamento de honorários médicos e de serviços hospitalares, deverá usar, preferencialmente, os valores constantes da tabela SUS. A lei permite também, porém, como limite máximo, utilizar os valores constantes da tabela vigente da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos – CBHPM.
“Com o uso da tabela do SUS e a de Classificação de Procedimentos Médicos, que é usada por planos de saúde como a Unimed, por exemplo, os juízes terão parâmetros para concederem as liminares”, acredita o procurador-geral do município, Rogério Gallo.
Em 2014, a Secretaria de Saúde recebeu quase 600 ações judiciais para prestação de serviços pela rede privada, com ônus para o município. Segundo Rogério Gallo, as decisões resultaram em cerca de R$ 4 milhões, em recursos próprios do município, bloqueados para pagar procedimentos médicos obtidos através de ações judiciais.
"Essa lei vai impedir o mau uso de instrumentos jurídicos por médicos e hospitais para obter eventuais vantagens financeiras, evitando que magistrados sejam induzidos a erros por não saberem sobre valores cobrados”, explicou Rogério Gallo.
Evitando fazer pré-julgamento ou acusações, o procurador judicial da PGM, Ronilson Rondon Barbosa, diz que a lei, se não vai impedir totalmente, com certeza, reduzirá a tentativa de ações fraudulentas por parte de advogados, hospitais e médicos. “Os magistrados vão exigir que sejam apontados e especificados os gastos com cada item dos procedimentos hospitalares”, explicou, através da assessoria da prefeitura.
No domingo à noite, reportagem do Fantástico, da TV Globo, denunciou suposto esquema de pagamentos de comissões a médicos e dentistas por distribuidores de próteses e implantes, que estaria ocorrendo em cinco Estados (Mato Grosso não foi citado). O percentual pago aos envolvidos no suposto esquema seria definido a partir de um levantamento mensal considerando as cirurgias e o material usado. Médicos receberiam propinas, comissões, valores altos para recomendar determinadas próteses. Foi denunciado ainda que, ao cumprirem liminares, determinados médicos e possivelmente empresas aproveitavam e cobravam preços abusivos e também é questionado se determinados materiais realmente foram usados em cirurgias e outros procedimentos.
A Polícia Federal e Receita Federal investigam os suspeitos.


