O pré-candidato a presidente do PDT, ex-ministro Ciro Gomes, comparou o país aos boletins da Delegacia de Polícia, diante do ambiente negativo contra a presidente Dilma e os políticos. Ciro e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, participaram de convenção neste sábado em Cuiabá, que reelegeu o deputado Zeca Viana presidente do diretório estadual.
“Eu vejo hoje a política. E ser honesto não é vantagem. Eu sempre defendi isso. Dos 58 anos, 36 anos dediquei à vida pública, de forma decente, sem nenhum processo penal, nem para me defender”, contou a cerca de 350 pessoas no evento, que contou com a presença dos deputados federais Valtenir Pereira (PMB) e Victório Galli (PSC) e o senador José Medeiros (PPS).
Ciro também analisou as contradições sociais do Brasil. “A sociedade brasileira é uma grande confusão sobre seu rumo. E a elite quer reduzir a política à delegacia de polícia”, comparou Ciro Gomes. “Temos que esconder ? Não. Precisamos passar o país a limpo. Punir severamente, não importa quem”, exigiu, ao se posicionar contra o impeachment da presidente, por conhecer Dilma há 30 anos e saber do seu caráter, apesar dos erros administrativos.
O presidente Lupi fez um relato sobre a organização do partido e propôs aos pedetistas para que abracem a convicção de que o PDT tem um projeto para o Brasil, pois o partido “tem honra e glória da sua história, com Getúlio Vargas, João Goulart, Darcy Ribeiro e Brizola” e tantos outros.
“O país precisa crescer, fazer distribuição de renda, justiça social, dar educação integral para crianças e jovens. A ponte do saber é a única que liberta o povo”, sugeriu aos dirigentes pedetistas e pré-candidatos a prefeito. “Nosso desafio é a tecnologia de ponta. Temos que formar mestres, cientistas. Não podemos perder para a Coreia”, apontou.
Ciro Gomes criticou, como em outras vezes, o ambiente político e social do Brasil de atentado à democracia e dos contrastes da população.
“Eu moro em um apartamento confortável em São Paulo, ando com carro de ar condicionado, enquanto o trabalhador brasileiro usa o terceiro turno para ir ao trabalho”, disse Ciro. “A democracia brasileira é nova e de ruptura autoritária. Rompa-se isso, e a violência substituirá o debate de ideias de nossas contradições”, argumenta.
Ampliação de filiados
O presidente reeleito do PDT de Mato Grosso, deputado Zeca Viana, informou que, ao contrário do que divulgou a mídia, após a saída do governador Pedro Taques (PSDB), o partido ampliou o número de filiados. Ele fez crítica política.
“Perdemos 40 membros, mas filiaram 2 mil pessoas. Estamos batendo a casa dos 30 mil filiados no Estado”, citou. “Alertei o presidente Lupi, Ciro Gomes, que o PDT não vai mais ser chocadeira de tucano”.
Tanto Ciro Gomes, quanto Lupi, elogiaram a firmeza do presidente estadual Zeca Viana em conduzir o partido em Mato Grosso. “Zeca, quero lhe agradecer pela persistência, resistência, ousadia e coragem. Você Zeca é um homem de caráter. E nós do PDT, nunca vamos perder o caráter”, lembrou Lupi.
“Quero dar um abraço no Zeca. Um exemplo da nossa militância. Hora que vemos o PDT emborcar (afundar), você Zeca tem coragem e firmeza. Eu visito Mato Grosso há 23 anos e tenho orgulho desta parte do Brasil que carrega o país”, destacou Ciro Gomes.
Zeca Viana afirmou que os pedetistas de Mato Grosso têm coerência, são de luta. “Alguns aqui andaram 1.400 Km para estar aqui na convenção”, informou. “Presidente Lupi e Ciro, vocês vão se orgulhar deste PDT nas próximas eleições com demonstração de fidelidade, companheirismo e defesa da causa do partido”.
Zeca agradeceu a presença do pré-candidato a presidente, Ciro Gomes e de Lupi, que prestigiaram a convenção em Mato Grosso, mesmo com igual evento no Paraná, onde o PDT administra Curitiba com o prefeito Gustavo Fruet.