Grande parte do discurso do procurador José Antônio Borges, que ontem foi reconduzido ao cargo de Procurador-Geral de Justiça, foi dedicado a criticar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Termos como “desumano” e “terraplanista” foram utilizados pelo chefe do Ministério Público Estadual para adjetivar o presidente da república, além de responsabilizá-lo pelas mais de 230 mil mortes causadas pela pandemia do novo Coronavírus.
“Temos um presidente da República insensível, desumano, inconsequente, terraplanista, que desprezou a ciência e jogou a população contra os governadores e prefeitos e, por consequência, já temos mais de 233 mil mortos”, criticou.
Borges ainda reclamou da política econômica de Bolsonaro, que deixou de fazer as reformas prometidas e disse estar preocupado com a polarização entre “nós e eles” promovida nos discursos do presidente para dividir a população.
“Vencedor da última eleição com a bandeira liberal, torço para que cumpra sua proposta de diminuir o tamanho do Estado, fazer a reforma tributária e a privatização das estatais deficitárias, mas ele tem adotado uma postura e um discurso que deixam a população brasileira preocupada com o futuro da nossa democracia”, declarou, acrescentando que:
“Ter adversários políticos é saudável, mas a polarização e divisão da população que temos assistido, entre ‘nós e eles’, e falar de comunismo, numa economia globalizada, para criar um inimigo, como tem feito o chefe da Nação, não é hilário, mas preocupante”.
O procurador também reclamou do “Gabinete do Ódio”, lembrou das suspeitas infundadas levantada pelo presidente acerca da urna eletrônica e foi duro com os militantes de Bolsonaro, que são insuflados a praticarem táticas opressivas de constrangimento, difamação e de intimidação.
“É o que constatamos vendo militantes em marcha lembrando os nazifascistas e jogando fogos de artifício no STF (Supremo Tribunal Federal), dizendo que vão estuprar filhas de ministros, fazendo plantão na porta das suas residências”, exemplificou.
Borges é membro do Ministério Público desde 1992 e, na região Norte, já trabalhou em Alta Floresta. Ele chegou ao posto mais alto do órgão em 2019 e no ano passado foi reeleito para conduzir o MP por mais dois anos.