A CPI dos Sanguessugas decidiu hoje notificar mais três parlamentares suspeitos de participação na máfia das ambulâncias. O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e os deputados Philemon Rodrigues (PTB-PB) e Salvador Zimbaldi (PSB-SP) serão notificados pela comissão para que prestem esclarecimentos sobre as denúncias reveladas pelo empresário Luiz Antonio Vedoin, sócio da Planam.
Por outro lado, a CPI descartou o indiciamento dos quatro deputados também apontados pelo empresário em reportagem publicada pela revista “Época”: Ricardo Izar (PTB-SP), José Múcio (PTB-PE), Luiz Piauhylino (PSB-PE) e Ciro Nogueira (PP-PI).
Segundo o vice-presidente da CPI, Raul Jungmann (PPS-PE), embora todos os parlamentares tenham sido citados por Vedoin, a comissão vai investigar apenas aqueles contra os quais há documentos reunidos pela Justiça e Polícia Federal. “Temos provas, depoimentos e o envio de material pela PGR [Procuradoria Geral da República] e Justiça. Estamos seguindo a operação padrão. Nos demais, não se trata de algo semelhante”, disse Jungmann.
O sub-relator da comissão, deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), reiterou que a notificação aos parlamentares foi decidida com base em provas. “Quando tem documento, se notifica. Quando não tem, não se notifica. Se você examinar o nome, a amplitude do processo, você tem que ir atrás de tudo. Algumas coisas escaparam porque não havia documentos”, afirmou.
As acusações contra os quatro deputados perderam força depois que o próprio empresário enviou documento à CPI negando as denúncias contra os deputados citados na reportagem da revista “Época”.
Já o senador Antero Paes de Barros foi acusado por Vedoin de ter recebido R$ 40 mil em propina, por intermédio do deputado Lino Rossi (PP-MT), para a apresentação de emenda no valor de R$ 400 mil para a compra superfaturada de ambulâncias.
Os deputados Philemon Rodrigues e Salvador Zimbaldi não foram incluídos no relatório parcial aprovado pela CPI com os suspeitos de envolvimento nas fraudes. Segundo Vedoin, Philemon teria recebido 10% do valor de uma ambulância montada pela Planam. Zimbaldi, por sua vez, teria sido beneficiado com a concessão de um ônibus para uma fundação de saúde.
Quebra de sigilo
A CPI também decidiu quebrar os sigilos bancário e fiscal da suposta lobista da Planam no Congresso, Cristianne Mayrink Sampaio Silva Neto. Ela teria recebido da empresa acusada de liderar a máfia dos sanguessugas depósitos e transferências que somam R$ 16.708. Apesar de ser apontada como representante da Planam, Cristianne trabalhou entre o início de 2003 e abril deste ano em pelo menos três gabinetes na Câmara.
Segundo o deputado Fernando Gabeira, a CPI tem “elementos claros de que ela trabalhava para a Planam”, além de declarações de Vedoin de que ela era relações públicas empresa.
“Se conferir os documentos que temos, e analisar as transferências financeiras para ela, confere um trabalho de relações públicas”, afirmou.
A CPI também pediu ao presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado Ricardo Izar, que encaminhe gravação de conversa telefônica com a suposta lobista na qual Cristianne Mayrink nega qualquer envolvimento com o deputado. “A CPI vai seguir todas as pistas que dispõe, considero a Cristiane fundamental. Teremos reunião administrativa na semana que vem para votar requerimentos e analisar trabalhos da sub-relatoria do Executivo”, disse o deputado Jungmann.