Durante visita da CPI da Saúde ao Hospital Metropolitano de Várzea Grande, hoje à tarde, o presidente da Comissão, deputado Sérgio Ricardo (PR) propôs ao secretário de Estado de Saúde Augustinho Moro uma alternativa para a redução da demanda por cirurgias em Mato Grosso. A proposta, já denominada de "Fila Zero", consiste numa união de esforços entre união, estado e municípios para a realização de um mutirão cirúrgico. Sérgio Ricardo avalia que o principal entrave é a tabela de preços do Sistema Único de Saúde (SUS), então a proposta é que uma força tarefa seja feita para fazer o pagamento diferenciado aos médicos e às unidades de saúde que realizarem estas cirurgias. "É importante fazer acordo, estabelecer convênios com hospitais filantrópicos e particulares para a realização dessas cirurgias e para se estabelecer Fila Zero em Mato Grosso".
Segundo o parlamentar, a experiência foi realizada com sucesso em outros estados do Brasil, como Bahia e São Paulo. O presidente da CPI citou dados disponibilizados à Comissão pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) que demonstram que, só em Cuiabá, ao todo 3.283 pacientes aguardam por uma cirurgia, sendo 1.337 em ortopedia; 365 em gastroenterologia; 301 em cardiologia; 288 em ginecologia; 266 em urologia e 209 em clínica geral. "Estes são números dos pacientes que já têm encaminhamento médico para ser operado, mas acreditamos que a demanda seja muito maior", disse Sérgio Ricardo.
O parlamentar alertou que a política de saúde deve ser "carro chefe" na plataforma de quem quiser governar Mato Grosso, uma vez que "a falta de entendimento político prejudica a saúde pública e o político que não colocar a saúde como prioridade, não vai merecer a confiança do eleitor nas próximas eleições em Mato Grosso".
Sérgio Ricardo também anunciou que "a CPI trabalhará para traçar um raio-x da realidade da saúde em nosso estado". Para isto, visitará também as unidades de saúde do interior. A primeira visita, em data a ser confirmada, será no hospital regional de Cáceres. Amanhã à tarde a CPI vai ouvir a presidente em exercício do Sindicato dos Servidores em Meio Ambiente e Saúde do Estado, Jacira de Jesus Campos Figueiredo.
Sobre a unidade visitada hoje, os membros da CPI foram unânimes em admitir que a ativação do Hospital Metropolitano de Várzea Grande "não resolve o problema, mas ameniza a situação do atendimento em saúde no município, principalmente na Grande Cristo Rei". O deputado Sérgio Ricardo lembra que a atuação da CPI já trouxe resultados para a unidade. Ela foi fundamental para a liberação de R$ 6 milhões em recursos federais, retidos no Ministério da Saúde, para a aquisição de equipamentos.
Os médicos e deputados estaduais Antônio Azambuja e Wallace Guimarães acrditam que se o hospital regional for direcionado para ortopedia e traumatologia, como foi sugerido por Moro, a unidade trará reflexos positivos para o sistema de atendimento, mesmo que nasça com capacidade abaixo do previsto. Já a deputada Chica Nunes disse que "não é o que precisamos em âmbito de saúde, mas se soma à outras unidades e ameniza a situação".
O Hospital Mteropolitano de Várzea Grande foi projetado para 140 leitos, mas deve ser concluido com 74, incluindo os de UTI. A obra foi iniciada em 1999, foi paralisada em 2004, retomada em 2006, está concluída na parta física e deve ser equipada até março de em 2010, com previsão máxia de funionamento até julho de 2010.
Para o secretário da SES, Augustinho Moro, a CPI trabalha de forma correta e "se ela apresentar um relatório propositivo, vamos amarrar as propostas no Plano Estadual de Saúde. Sobre a proposta de "Fila Zero", Moro informou que "vamos fazer um estudo, analisar a proposta". Moro admitiu que o principal entrave para as filas é a falta de profissionais e unidades habilitadas para operar dentro dos preços praticados pelo SUS.
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Saúde da Assembleia Legislativa foi criada em 04 de novembro de 2009, trabalha para traçar um diagnóstico da saúde em Mato Grosso e tem como meta apontar soluções para a melhoria dos serviços de saúde pública na capital e interior. Ela se reúne semanalmente, às quintas-feiras, às 14h para avaliar as informações, ouvir autoridades e profissionais da saúde, de acordo com as solicitações dos deputados.