A comissão de sindicância formada pela Corregedoria da Câmara decidiu nesta quarta-feira convidar o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, para depor, assim como os demais citados pelo deputado Roberto Jefferson (RJ), presidente do PTB, no Conselho de Ética da Casa.
Os primeiros a serem chamados pela Corregedoria serão os parlamentares acusados por Jefferson de participar do suposto esquema –o presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP); o líder do PP na Câmara, José Janene (PR); Pedro Corrêa (PP-PE); o líder PL na Câmara, Sandro Mabel (GO); o deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ); e Pedro Henry (PP-MT). Todos negaram as acusações.
Também serão chamadas pessoas sem cargos eletivos, como o presidente do PT, José Genoino, o tesoureiro do partido, Delúbio Soares, o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza e sua ex-secretária Fernanda Karina Ramos Somaggio.
O presidente do PTB, que deveria falar à comissão em reunião fechada na manhã de hoje, não compareceu alegando cansaço e estresse. Ele falaria novamente sobre as denúncias de pagamento de mesadas por parte do governo, a deputados da base aliada, em especial a integrantes do PP e PL.
A Corregedoria da Câmara deve marcar para a próxima semana o depoimento de Jefferson. Cinco deputados integram a comissão de sindicância e o relator do caso é o deputado Robson Tuma (PFL-SP).
Roberto Jefferson foi alvo de quatro representações encaminhadas à Corregedoria da Câmara. Três tratam do esquema de pagamento de mesadas, o chamado “mensalão”. Um outra representação trata das denúncias publicadas na revista “Veja”, ainda em maio, sobre suposto esquema de corrupção nos Correios.
O relator tem prazo de 20 sessões plenárias para apresentar o parecer à Mesa Diretora da Casa. O parecer pode ser pela inocência ou culpa de Jefferson nas acusações de quebra de decoro. No caso de quebra de decoro, se a Mesa considerar o relatório consistente, encaminha-o para o Conselho de Ética, que pode instaurar processo por quebra de decoro parlamentar e cassar o mandato do deputado.
Conselho de Ética
Em um depoimento de mais de seis horas ao Conselho de Ética da Câmara nesta terça-feira, Roberto Jefferson reafirmou o teor das denúncias reveladas à Folha de S.Paulo de cobrança do “mensalão” na Câmara, porém não trouxe provas.
Jefferson poupou Lula de críticas diretas, chamando-o de “um homem honrado e correto”, e disse que o ministro José Dirceu (Casa Civil) pode transformar o presidente “em réu”.
Apesar de não levar provas de irregularidades, Jefferson apontou ao menos seis deputados envolvidos no esquema do “mensalão”: Valdemar Costa Neto, José Janene, Pedro Corrêa, Sandro Mabel, Bispo Rodrigues, Pedro Henry.