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Conselho Nacional defende professora que deixou conferência após prefeito vetar linguagem neutra em MT

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Redação Só Notícias (foto: divulgação)

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) emitiu hoje uma nota manifestando “total solidariedade” à professora Maria Inês da Silva Barbosa, da Universidade Federal de Mato Grosso. A docente se retirou ontem da Conferência Municipal do Sistema Único de Saúde (SUS) em Cuiabá, após ter sua fala interrompida pelo prefeito da capital, Abílio Brunini.

Maria se dirigiu à plateia usando o pronome neutro “todes”, o que incomodou Brunini. “Aqui no nosso município, na nossa gestão, a gente não trabalha com pronome neutro, nem com doutrinação ideológica”, disse ao ameaçar suspender o evento. Maria Inês, por outro lado, rebateu as falas do gestor e, em seguida, decidiu se retirar da conferência.

Segundo o Conselho Nacional de Saúde, Maria é pioneira nos estudos sobre a saúde da população negra no país, mestre em Serviço Social e doutora em Saúde Pública. A entidade avalia que a pesquisadora foi vítima de desrespeito e cerceamento durante o evento.

“O SUS é fruto de décadas de luta por uma saúde pública universal, integral e equânime, construída com a participação social, princípio basilar da democracia brasileira. As conferências de saúde são espaços históricos de diálogo, onde a diversidade de vozes deve ser não apenas respeitada, mas celebrada, pois reflete o compromisso com a equidade e a inclusão. O objetivo das Conferências é melhorar a saúde de toda a população, e uma das ferramentas mais assertivas para isso é justamente incluir, ouvir e considerar as pessoas na construção de políticas públicas de saúde”, disse o Conselho.

Na avaliação do CNS, a tentativa de silenciar a professora Maria Inês, sob o pretexto de “doutrinação ideológica”, fere os valores do SUS e a própria Constituição Federal, que garante a saúde como direito de todas as pessoas, sem exclusões, sem discriminação, sem racismo. “Tamanha atitude autoritária, desferida por um representante democraticamente escolhido pelo povo, revela um profundo desconhecimento sobre o papel do SUS e da participação social como instrumento democrático. Instrumento, aliás, tão democrático quanto o poder do voto que elege prefeitos municipais”.

A entidade também ressaltou que “o SUS não é de um governo ou de uma gestão: é do povo brasileiro, e sua força está justamente na capacidade de acolher as diferenças e combater todas as formas de discriminação e racismo, pois isso também é fazer saúde. O CNS repudia veementemente qualquer tentativa de coibir debates ou impor censuras em espaços públicos de deliberação. Tamanha interferência neste processo democrático, destinado a debater e construir políticas públicas de saúde voltadas para todas, todos e todes, é um ataque à autonomia dos conselhos e à sociedade civil organizada, que há décadas fortalece o SUS contra retrocessos. O SUS é do Brasil. O SUS é de todas as pessoas”.

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