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Câmara de Lucas do Rio Verde aceita denúncia de quebra de decoro e define comissão que investigará vereador

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Só Notícias/Luan Cordeiro/Herbert de Souza e Altair Anderli, de Lucas do Rio Verde

A câmara de Lucas do Rio Verde acatou, há pouco, a denúncia contra o vereador Marcos Paulista (PTB) por suposta quebra de decoro parlamentar, movida pela vereadora Ideiva Foletto (Cidadania), que foi chamada pelo colega de “hiena”, “oportunista” e “ladra de ideias”. Com isso, o legislativo elegeu uma comissão para apurar o caso, formada pelos parlamentares Gilson Fermino de Souza – Urso (DC), Márcio Albieri (PSD), e Ademilson Pereira – Zinho (PP).

A comissão foi definida através de sorteio e terá 90 para fazer as investigações. Ao final, o relatório será apresentado e votado em plenário. “Acho que toda a transparência e direito a defesa devem ser dados. Essa comissão passa a se reunir com toda a assessoria jurídica da câmara para dar andamento nesse processo, ver se houve quebra de decoro ou não. Não é o presidente que decide por isso, a gente fez com a máxima transparência essa votação e essas pessoas vão avaliar”, disse o presidente da câmara Daltro Figur (Cidadania).

Figur ainda garantiu que não haverá interferência nos trabalhos. “Que seja o mais transparente possível, se houver condenação em nenhum momento de minha parte como presidente da câmara eu vou interferir na decisão, vou deixar eles trabalharem muito bem a vontade, e que seja avaliado dentro de um direito de ampla defesa também”. “Como representantes públicos temos que saber o que falamos e cada um responde por aquilo que fala. É um momento importante, não pensei nunca na câmara em chegar nesse ponto de ter que estar abrindo um inquérito nesse nível, mas faz parte, temos que estar preparados”.

Conforme Só Notícias já informou, as ofensas ocorreram na sessão do último dia 12. Dois dias depois, Ideiva registrou um boletim de ocorrência contra Paulista. À Polícia Civil, a parlamentar afirmou que foi agredida verbalmente pelo colega. Disse também que se sentiu ameaçada, quando o colega de plenário afirmou que a vereadora iria “aprender a lidar com testosterona avançada”. No boletim, Ideiva ainda garantiu que não foi a primeira vez que foi agredida verbalmente pelo vereador, mas que não havia registrado boletim de ocorrência nas outras vezes.

Na denúncia lida na câmara, constam atos de repúdio emitidos por diversas entidades em apoio à vereadora e contra Paulista. Os manifestos são do partido Cidadania, da Ordem dos Advogados do Brasil, do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e da Associação dos Contadores de Lucas do Rio Verde.

O prefeito Miguel Vaz também se solidarizou com a parlamentar. “Não se trata somente de falta de respeito à mulher, é falta de respeito ao ser humano. A câmara de vereadores é lugar de debates de projetos que visam o bem da sociedade e não de violência”, disse o gestor.

Em nota, a assessoria de Marcos Paulista disse que ele foi provocado diversas vezes por Ideiva. No entanto, reconheceu que “nada justifica” a sua conduta e, por isso, pediu desculpas pelas falas durante a sessão. “Queremos esclarecer que o vereador não oferece risco algum à integridade física da vereadora. Pois sequer a ameaçou ou a ameaçaria. Foi uma infelicidade grande a sua fala, a qual serve de aprendizado a todos, de como não devemos agir, independente de ser mulher ou homem. A questão não é o sexo e sim o respeito”, diz trecho da nota emitida pela assessoria do parlamentar.

Ao Só Notícias, o próprio parlamentar também esclareceu que a discussão ocorreu durante o debate sobre a Revisão Geral Anual dos professores. “Naquele momento, eu defendia um aumento maior, segundo a demanda da própria categoria, que era 18,98%. O prefeito estava mandando (um aumento) de 12%. Interrompemos a sessão, em que foi sugerido, por mim e pelo vereador Márcio Albieri, colocar através de emenda, mas isso se tornaria inconstitucional. Aí sugerimos que o prefeito mandasse um substitutivo com esse aumento de 18%. Aí a vereadora, quando viu que iria perder o debate, pediu vistas do projeto”, afirmou.

“Eu falei que ela era oportunista e outras palavras que foram dirigidas a ela também, a uma parlamentar, e não a uma vereadora mulher. Nada justifica eu ter me alterado. Eu sou autor da lei do dia de combate ao feminicídio. Eu também tentei colocar a lei de aluguel social para as mulheres acometidas por violência doméstica. Eu tenho trabalho em defesa da mulher. Nada pode me colocar como um agressor de mulher. Aquelas palavras eu não poderia ter dirigido a uma mulher. Eu entendo o excesso. Isso tudo eu reconheço”, complementou o vereador.

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