Uma reunião com o governador Blairo Maggi, deputados e vereadores está marcada para hoje, no Palácio Paiaguás, para discutir a crise da Universidade Estadual de Mato Grosso. A comissão de acadêmicos e professores, que está na capital, quer que seja criada na Assembleia uma CPI para investigar a gestão do reitor Taisir Karin. “Os problemas enfrentados pela Unemat são fruto de uma má administração. Se não for aceito o pedido de CPI no mínimo nós queremos o afastamento do reitor”, afirmou hoje a presidente do Diretório Central dos Estudantes, Graciele Marques dos Santos, que faz parte da comissão que vai aguardar o resultado da audiência com Blairo.
O grupo conversou, ontem à tarde, com o presidente da comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura e Desporto da Assembleia, Alexandre Cesar, com o secretário de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Chico Daltro, além de deputados, com os quais definiu-se pelo encontro com Blairo. A criação de uma CPI na universidade começa ganhar a adesão dos parlamentares estaduais.
“De início pensávamos em não instalar a CPI para não expor ainda mais a Unemat ao desgaste, mas diante de tantas irregularidades temos fortes motivos para criá-la. De imediato vou apresentar requerimento à Mesa Diretora para que acione o reitor quanto à falta de respostas diante de requerimentos enviados anteriormente, pedindo esclarecimentos sobre o descumprimento de leis aprovadas nesta Casa, o que configura crime de responsabilidade”, declarou Alexandre Cezar, por meio da assessoria.
“Está na hora de tomarmos uma posição mais radical”, afirmou José Domingos Fraga. Tanto para os deputados quanto para o secretário de Ciência e Tecnologia, Chico Daltro, foram entregues dois documentos. Trata-se de uma pauta com cinco reivindicações e a denúncia de 29 irregularidades praticadas pela reitoria. Na comitiva da Unemat há representantes de Sinop, Juara, Cáceres, Colíder, Barra do Bugres e Alta Floresta. Da primeira cidade são professores, técnicos, acadêmicos, oito vereadores.
O reitor vem perdendo apoio político devido a questionada gestão. Na segunda-feira acadêmicos do campus de Sinop deflagraram uma paralisação estudantil. Não há aula no campus porque os portões e entradas estão sendo barrados, mas sem prejudicar a escola municipal que funciona no mesmo prédio da universidade. O descontentamento se dá também pela falta de servidores para os laboratórios e bibliotecas.
As irregularidades que constam no documento foram pesquisadas pela Associação dos Docentes da Unemat (Adunemat). As denúncias vão desde a contratação de funcionários fantasmas (DAS), passando pelo descumprimento das leis até o pagamento de salário de mestre para professores que não têm mestrado.
Na relação de itens reivindicados consta o afastamento da reitoria, pró-reitoria, institutos, faculdades e autarquias (editora, Faesp, Covest) para auditoria fiscal e administrativa; convocação do Conselho Curador com representação da Central Única dos Trabalhadores e órgãos independentes para fins de homologação do Estatuto da Unemat; concurso público para docentes, em especial do curso de engenharia civil campus de Sinop e engenharia florestal campus de Alta Floresta; contratação em regime de urgência de servidores, especialmente para suprir bibliotecas, laboratórios de informática e departamentos até que se determine concurso público; revogação do atual calendário por inviabilizar as atividades de pesquisa e extensão, comprometendo a qualidade de ensino.
O presidente da Assembleia, José Riva, disse na segunda-feira, em Sinop, para um grupo de acadêmicos e professores, que a situação de Taisir é “insustentável”. Na próxima semana os vereadores do município devem apresentar, em sessão, uma moção de repúdio ao reitor.
(Atualizada às 9h20)