O governador Blairo Maggi disse hoje (24.10), em Porto Alegre (RS), que acredita que as questões do reescalonamento das dívidas dos produtores e a regulamentação definitiva para o plantio de soja transgênica no Brasil serão resolvidas rapidamente após a reeleição do presidente Luis Inácio Lula da Silva.
Blairo esteve em Porto Alegre participando de uma série de atividades políticas em apoio a Lula e ao candidato do PT ao governo gaúcho, Olívio Dutra.
Em entrevista às emissoras de rádio de Porto Alegre, Maggi explicou sua decisão de apoiar Lula contrariando a diretriz do presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire. O governador de Mato Grosso destacou que a posição de Freire em apoiar o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, foi unilateral e não uma decisão do coletivo da direção nacional do partido, o que o deixa tranqüilo em relação a eventuais medidas partidárias punitivas.
“Achamos melhor não seguir esse caminho e apoiar o presidente Lula. Consideramos a questão pensando em nosso estado. Há vários problemas que precisam ser resolvidos por meio de entendimentos que não podem sofrer prejuízos de continuidade”, argumentou o governador.
Maggi considera difícil um governo novo ter o conhecimento que o atual tem sobre as complexas questões do país. “Com uma eventual troca de presidente, demoraria um ano ou mais para isso ocorrer, para que as negociações sobre os problemas que afetam a agricultura e pecuária no estado e no país voltarem ao ponto que se encontram hoje”, explicou o governador.
Ainda sobre seu apoio a Lula e a controvérsia que se criou com setores do agronegócio, Blairo Maggi voltou a dizer que continua defendendo os interesses do setor com a mesma determinação de sempre. “Fiz parte do grupo que fez tratoraços, caminhonaços e farei quantos forem precisos, não deixarei de defender o agronegócio, pois 43% do PIB (Produto Interno Bruto) do país vêm daí”, disse.
O governador admitiu ainda que parte da crise que afeta o setor deve-se, de fato, a conseqüências da política agrícola e econômica do Governo Federal e a problemas climáticos como a seca no Rio Grande Sul e o excesso de chuva no Centro-Oeste, além de fatores gerados no mercado internacional de commodities. Blairo reconheceu, no entanto, que “nesse governo estamos muito mais acelerados nas negociações. Em um ano e pouco de discussões, conseguimos avanços. Falta muito pouco para ter resultados efetivos, não só no escalonamento das dívidas, mas na liberação e desburocratização de produtos como os transgênicos”, destacou.
Conforme lembrou Blairo Maggi, na época do governo do PSDB, os produtores tinham dificuldades muito maiores para serem ouvidos e atendidos em suas reivindicações. Ele lembrou da crise de 1994, quando o real foi equiparado ao dólar e a moeda americana ficou congelada por mais de cinco anos. Também recordou que em 2004, os produtores foram alertados em vários momentos para o risco que corriam por causa dos índices elevados de endividamento e elevação artificial dos insumos provocado pela grande demanda pelos produtos agrícolas no mercado internacional. “Com Alckmin vencendo, nós já conhecemos quem virá com ele, já estiveram no governo e sabemos a dificuldade (deles) de compreensão em relação ao setor agrícola. Paulistas pensam em são Paulo o tempo inteiro”, frisou Maggi.
Com o presidente Lula, Blairo Maggi está convencido de que as coisas se resolvem mais facilmente. Seu apoio ao presidente está muito ligado às ações práticas já implementadas para solucionar uma série de questões cruciais para o desenvolvimento de Mato Grosso, tanto relacionadas à infra-estrutura, logística e ações sociais, quanto voltadas a pôr um fim na crise do agronegócio.
Segundo Maggi, “as soluções com Lula não é apenas uma conversa, são ações que não começaram em função do projeto eleitoral. Vêm bem de antes, há compreensão dentro do governo, ministros da Fazenda, da Agricultura, Planejamento, Casa Civil, do presidente. Todos têm consciência de que algo pode ser feito nessa direção”, frisou.
Na avaliação do governador de Mato Grosso, por outro lado, se Alckmin vencer, haverá outras lideranças que poderão fazer a interlocução com o Governo Federal e, nesse caso, ele irá cuidar da administração do Estado sem maiores preocupações. “Mas, se Lula ganhar, aí tenho convicção de que, além de cuidar bem do Estado, poderemos cuidar melhor também do agronegócio porque teremos diálogo direto com o presidente”, sintetizou Maggi.