Um acordo entre o presidente Lula da Silva e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), ambos do PT, deve levar o governador Blairo Maggi (PR) ao comando de um ministério. A posse está prevista para acontecer ainda neste ano, provavelmente em setembro ou outubro, conforme revelam fontes ligadas ao Palácio Paiaguás. Lula e Dilma já teriam batido o martelo com Maggi e estão confiantes de que o governador mato-grossense reforçará a equipe do segundo mandato petista na presidência da República. Blairo, por sua vez, já vem reunindo aliados mais próximos e conversando sobre o convite e a sua clara intenção de aceitá-lo.
Apelidada como a “mãe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”, a ministra Dilma mantém boa relação com Maggi, sobre quem manifesta simpatia. Embora não assuma ainda a condição de pré-candidata à sucessão de Lula, ela vem costurando nos bastidores do governo acordos que favoreçam a futura eleição. Diferente da ministra, o presidente Luiz Inácio da Silva não esconde o objetivo de fazer o sucessor em 2010 e em todas as solenidades aproveita para enaltecer as qualidades de Rousseff. “Tenho muita honra de estar ao seu lado”, disse Lula na semana que passou em mais uma aparição pública.
Para compor o governo petista, a única condição colocada por Blairo Maggi é a de assumir um ministério em que tenha possibilidade de “ajudar Mato Grosso” e que também tenha a ver com sua área de atuação, que é o agronegócio. A oferta de Lula é para que o governador assuma o comando do Ministério dos Transportes. O atual ministro Alfredo Nascimento (PR/AM) é pré-candidato ao governo de seu Estado e já teria manifestado ao presidente o desejo de antecipar a saída do ministério para viabilizar seu nome na disputa.
Na mesa de negociação com o presidente e a ministra, Maggi colocou como “fundamental” a permanência de Luiz Pagot na direção-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit), ainda que ele não se efetive como ministro dos Transportes e assuma uma outra pasta. Pagot é um dos homens da estreita confiança de Blairo com quem convive há vários anos. O relacionamento dos dois vem da iniciativa privada. O atual diretor do Dnit foi um dos executivos do Grupo Amaggi e participou das duas gestões do governador à frente do Paiaguás.
Lula e Dilma levantaram a possibilidade de Maggi assumir o Ministério da Agricultura ou do Desenvolvimento, Comércio e Indústria, mas a preferência do governador é pelo Transportes. Ele entende que, ao lado de Pagot, poderá prestar “um grande serviço a Mato Grosso”, colocando fim num dos problemas mais graves do Estado que é a falta de rodovias e de meios para o escoamento da produção local. No comando do ministério, hoje ocupado por Alfredo Nascimento, o governador incrementaria também os projetos das hidrovias e da ferrovia, consolidando a proposta de implantar o transporte intermodal em Mato Grosso, reduzindo significativamente os custos da agropecuária, principal base da economia regional.
Um outro motivador que empurra Blairo Maggi para o governo federal é o gosto pela administração. O governador não esconde a satisfação de ter levado ao setor público, desde a posse no Paiaguás em 2003, experiências da iniciativa privada e que, na opinião dele, já mostraram resultados positivos. Blairo é reconhecido como um grande administrador, um homem que construiu uma das maiores fortunas do país. Ostenta o título de maior produtor individual de soja do mundo, do qual pessoalmente diz orgulhar-se.