Uma proposta apresentada pelo deputado estadual Pery Taborelli (PV) estaria dividindo os blocos até então formados na Assembleia Legislativa visando a eleição da Mesa Diretora, que ocorre neste ano. O objetivo do parlamentar é alterar, mais uma vez, a data em que o pleito será realizado, transferindo a escolha dos novos presidente, primeiro-secretário e demais membros da Mesa de setembro, como está previsto atualmente, para a última sessão plenária de 2016.
O projeto de resolução foi apresentado por Taborelli na última semana e, não tardou, se tornou pauta de reuniões dos blocos de parlamentares que se organizam para o pleito. Entre aqueles que defendem a candidatura de Emanuel Pinheiro (PR) para o cargo de presidente, ainda não haveria um consenso. Já os atuais presidente e primeiro-vice, Guilherme Maluf (PSDB) e Eduardo Botelho (PSB), teriam posições bem definidas, mas contrárias entre si.
Maluf seria um dos simpatizantes da proposta de Taborelli. Nos bastidores, o que se afirma é que a intenção do tucano seria a de retardar o máximo possível a eleição da Mesa na esperança de que, antes da apresentação das chapas, o Supremo Tribunal Federal (STF) libere a Assembleia para indicar o novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A vaga na Corte está aberta desde o final de 2014, quando Humberto Bosaipo renunciou ao cargo vitalício.
Na época, o Parlamento chegou a indicar Janete Riva ao posto, mas uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pela Associação Nacional dos Auditores de Contas (Audicon) resultou na suspensão do processo de indicação de novos conselheiros no Estado. Os rumores são de que Maluf teria interesse na vaga. Ele, no entanto, também já teria sido definido como o candidato a primeiro-secretário de uma chapa a se formar com Botelho. Sendo assim, teria interesse em adiar a eleição da Mesa o máximo possível na esperança de que, antes do pleito, o STF autorize a retomada do processo de composição do TCE.
Botelho, por outro lado, estaria entre aqueles que preferem que a eleição da nova Mesa ocorra logo, enquanto o bloco que apoia sua candidatura ainda é maior do que aquele que prefere Emanuel Pinheiro no cargo de presidente da Assembleia. A avaliação do socialista seria a de que uma possível demora na escolha da nova direção da Casa poderia prejudicar seus planos de se tornar presidente.
No bloco de Emanuel, por sua vez, nenhuma das alternativas (de uma eleição mais cedo ou mais tarde) prevaleceria, até agora. O próprio republicano estaria dividido quanto ao assunto. Se, por um lado, consideraria a data de setembro como prejudicial por permitir a figura de dois presidentes (um de fato e outro eleito) dentro do Parlamento, tese que sempre defendeu; de outro, ainda não teria avaliado os “riscos” para o momento político atual de se adiar o pleito para dezembro.
Por enquanto, o bloco que defende a candidatura de Emanuel ainda é minoria na Assembleia Legislativa. O parlamentar fala no apoio de até 10 deputados, mas as reuniões que vêm sendo realizadas desde o final do ano passado não têm contado com a presença de mais de oito deles. Mais tempo para aglutinar novos aliados poderia ser benéfico, nesse sentido, para os planos do republicano.
O temor de alguns membros deste bloco, no entanto, seria o de que as eleições municipais, que ocorrem em outubro deste ano, possam representar algum impacto nas articulações internas do Parlamento. A preocupação seria que as promessas e compromissos de campanha firmados entre os partidos fora do Legislativo resultem em alguma interferência.