“Podem me investigar a vontade”. Assim reagiu o senador licenciado Antero Antero Paes de Barros (PSDB) a decisão do juiz Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso, em determinar à Polícia Federal a abertura de inquérito para investigar uma suposta ação para proteção do criminoso João Arcanjo Ribeiro durante os trabalhos da CPMI do Banestado. Paes de Barros foi presidente da comissão. As denúncias contra Antero foram feitas pelo relator, deputado José Mentor (PT-SP).
Irritado, Paes de Barros qualificou o juiz federal de “mentiroso”. Puxando o histórico partidário do magistrado federal, que já foi assessor jurídico da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o senador de Mato Grosso disse que o objetivo de Julier Sebastião é desviar a atenção das denúncias de corrupção envolvendo o PT em Brasília. “O juiz usa a toga em nome do PT” – disse, ao mencionar decisões que visam favorecer o partido. E arrematou: “Julier dá entrevista até para geladeira. Abriu a porta, acendeu a luz, ele começa a falar” – disse.
Antero estava em São Paulo para tratamento médico e desembarcou nesta sexta-feira em Cuiabá, onde concedeu uma entrevista coletiva para defender-se das acusações feitas por Mentor em seu relatório, peça encaminhada à Justiça Federal de Mato Grosso e que , por ordem de Julier Sebastião, se transformaram em inquérito policial a ser aberto pela Polícia Federal. No seu despacho, o juiz ainda sugere ao Ministério Público Federal a abertura de procedimento contra o senador de Mato Grosso.
José Mentor acusou Antero de obstruir os trabalhos da CPMI para proteger Arcanjo. O motivo seria a suposta ligação do senador com o criminoso, que se encontra preso no Uruguai a espera do julgamento de seu processo de extradição. No seu despacho, o juiz federal observa que cheques de campanha de Antero de Barros foram encontrados na contabilidade da VIP Factoring, de propriedade de Arcanjo.
Paes de Barros chamou para si a responsabilidade de ter incluído o nome de João Arcanjo Ribeiro na CPMI do Banestado, que investigou a remessa ilegal de recursos para o exterior, através da chamada conta CC5. O senador de Mato Grosso, por outro lado, acusou o deputado federal José Mentor (PT-SP) de participação em esquemas de corrupção e criticou o Partido dos Trabalhadores pelas recentes denúncias em Brasília.