A renovação dos nomes que vão compor a Câmara na próxima legislatura será menor do que se esperava há alguns meses. Essa é a conclusão de quatro projeções sobre o resultado das eleições em 1º de outubro. O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), a consultoria Arko Advice e o professor David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), projetam renovação entre 50% e 60%, semelhante às eleições anteriores.
De acordo com o cientista político Cristiano Noronha, da Arko, quando o Congresso está bem, a renovação é de aproximadamente 40%; quando está mal, é de 60%. Ele informou que 11% dos deputados da atual legislatura desistiram de se candidatar ou estão buscando outros cargos.
Estabilidade
Para o cientista político Fabiano Santos, do Iuperj, os levantamentos preliminares mostram que há estabilidade na votação para a Câmara. Ele afirmou que desde 1990 o quadro não se modifica muito, com exceção de uma tendência suave de crescimento do PT e de declínio do PMDB.
Para Santos, essa tendência à estabilidade é a mesma de outros países, seja na Europa ou no Chile, apontado por ele como um dos mais estáveis no continente. Ele afirmou que os partidos têm definido seu perfil e isso tende a estabilizar as posições. Para o cientista político, somente uma conturbação política modificaria essa situação.
Já o analista do Diap Antonio Augusto de Queiroz explica o índice de renovação menor do que o esperado pelo fato de que muitos políticos com viabilidade de se eleger desistiram de concorrer. Isso favorece os atuais detentores de mandato.
A esse fator, afirmou Queiroz, somam-se as facilidades de quem já tem um nome conhecido, serviços prestados, estrutura de gabinete para a campanha e acesso aos meios de comunicação. O analista observa que a situação se agrava com a nova legislação eleitoral, que dificulta o acesso dos candidatos à TV e à divulgação de suas propostas.
Acusações
O professor David Fleischer prevê que a renovação possa chegar a 65%, ao lembrar que um terço dos atuais congressistas têm acusações pesando contra si. Fleischer acredita que o desgaste das acusações deve pesar contra partidos como PT, PP, PTB e PL.
Mas a renovação de metade do Congresso não significa necessariamente uma mudança qualitativa. Noronha acredita que os nomes podem mudar, mas que o perfil político não se altera com essa rapidez. Fleischer é taxativo: “Sangue novo não quer dizer sangue bom.” Ele explicou que, em momentos políticos delicados como o atual, há sempre oportunistas que se aproveitam para se eleger.