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Agricultores ganham apoio e protestos prosseguem no Nortão

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Hoje é o quarto dia de protesto dos agricultores no Nortão e Médio-Norte Mato-grossense contra a política econômica-agrícola do Governo Lula que tem quebrado a grande maioria dos fazendeiros. São esperadas manifestações mais intensas por parte dos produtores que exigem soluções imediatas por parte do governo, que até agora não se pronunciou. Mas o movimento aumenta dia-a-dia, já é feito em pelo menos 20 cidades e chegou à fronteira com Rondônia. As Prefeituras de Sorriso, Sinop, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Vera, Ipiranga, Diamantino -dentre outras- estão decretando, desde ontem, ponto facultativo e mantendo fechadas repartições públicas, em apoio a luta da classe agrícola. O governador Blairo Maggi -apontado como o rei da soja- ainda não se manifestou sobre o protesto. No Congresso Nacional, apenas o senador Antero Paes de Barros fez ontem o segundo duro discurso contra o governo Lula, a quem acusa de ‘falir a agricultura brasileira’. Hoje, Antero tem audiência com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e vai cobrar soluções urgentes para resolver os principais problemas.

Veja fotos do protesto no Nortão clicando aqui

Em Nova Mutum, ontem no final da tarde, policiais tentaram cumprir liminar da Justiça Federal, solicitada pelo governo, para desbloquear a pista. Os agricultores resistiram e mantiveram colheitadeira e tratores atravessados na pista, mantendo bloqueio parcial restrito para caminhões/carretas carregados com soja, milho, arroz e insumos. Por um determinado período, houve bloqueio geral.
A polícia poderá solicitar guinchos para retirar os maquinários caso os agricultores de Nova Mutum continuem resistindo.

Em Lucas do Rio Verde, o bloqueio geral na rodovia deve continuar. Os produtores passaram à noite e a madrugada impedindo saída de caminhões carregados com a safra. Ontem, conforme Só Notícias informou, houve manifestações extremas no local onde a rodovia é bloqueada, em Lucas, com dois produtores queimando uma colheitadeira e um trator -usados-. Os proprietários não foram identificados. Primeiro, foi incendiada a colheitadeira, avaliada em R$ 60 mil. Horas depois, foi colocado um trator e também ateado fogo. O comércio fechou parcialmente ontem em apoio ao setor agrícola.

Sorriso literalmente parou ontem. A capital brasileira na produção de soja concentrou um grande número de agricultores, empresários, profissionais liberais, funcionários de estabelecimentos comerciais, de fazendas e lideranças políticas na BR-163 onde foi feito bloqueio parcial. Sorriso é um dos municípios que mais ‘sente na pele’ os reflexos da crise na agricultura. Só a prefeitura projeta perder R$ 10 milhões em arrecadação de impostos num período de 12 meses. “Chega de esperar. O que o governo ainda quer. Já estamos quebrados, dando o último suspiro e nada é feito pelo governo do PT”, desabafou um produtor (foto). “É preciso ter coragem para mexer no câmbio para que a soja volte a ter preço compatível e não fique no patamar atual que nem da para pagar as despesas”, emendou.

Em Sinop, além do bloqueio parcial, agricultores fizeram ato público em frente a agência central do Banco do Brasil, depois que manifestantes bateram boca com policiais que foram dar apoio aos oficiais de justiça que compriram mandado para que retirassem tratores de frente dos bancos, que ficaram fechados na terça-feira e ontem de manhã. A comissão que organiza o movimento deve intensificar protestos em frente aos armazéns para evitar a saída de soja, deixando a comercialização mais lenta como forma de ampliar a pressão.

O produtor Ari Hoffmann, que planta em Sinop há 30 anos, disse que não há mais condições de continuar na atividade. Ele plantou cerca de 1.500 hectares de soja e 800 hectares de arroz e teve prejuízos de aproximadamente R$ 720 mil nesta safra.
“Estamos reivindicando de 3 a 4 anos de carência dos financiamentos vencidos. Os juros são muito excessivos. Começamos com juros de 8,75% e chegamos a assinar contratos a 12,75%. Nos empurraram coisa que não condizem com a realidade de hoje. O dólar era R$ 3,20, quer dizer, nós compramos um insumo a R$ 3,20 e vendemos o produto a R$ 2,40. Depois novamente compramos o insumo a R$ 2,40 e vendemos o produto a R$ 2,11”, explicou, ao Só Notícias.

Em Diamantino, houve bloqueio na BR-364 e em outra rodovia. Foram colocados tratores, colheitadeiras, grades e carros na pista bom bloqueio geral do tráfego por algumas horas.

A Federação da Agricultura de Mato Grosso -Famato- fez levantamentos e concluiu que o agricultor está tendo prejuízo de US$ 200 por hectare. Considerando que Mato Grosso tem uma área de 5,9 milhões de hectares para soja, e considerando preço médio de R$ 16 a saca (baseado no dólar a R$ 2,11) as perdas chegam a R$ 2,5 bilhões.
A crise foi provocada diretamente pela queda do dólar que nocauteou a cotação da soja, algodão, milho e arroz. As taxas de juros nos financiamentos e os resultados negativos sucessivos nas últimas safras, levaram centenas de agricultores a devolverem máquinas, venderem áreas e outros bens para tentar saldar parte das dívidas.

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