A divulgação de que a Polícia Federal tem em mãos documentos que comprovam que a mãe do senador Aécio Neves (PSDB) tem ou teve uma conta no principado de Liechtenstein, um dos mais fechados paraísos fiscais do mundo, colocou o principal nome da oposição ao governo Dilma Rousseff (PT) no núcleo da Operação Lava Jato. O material, revelado ontem, em reportagem da Época, fez com que tucanos e petistas adotassem o mesmo discurso, o de que é necessário investigar.
Para o deputado federal Ságuas Moraes (PT), os documentos que confirmam o que foi dito em delação pelo senador Delcídio do Amaral marcam o início de uma investigação da conduta do senador, que em 2014 foi derrotado em segundo turno por Dilma. “Contra o senador há uma evidência muito forte, que foi reforçada pelo que foi publicado. Estes indícios devem ser analisados com cuidado pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”. Ságuas ressalta que o instituto da delação premiada, que tem atingido políticos de diversos partidos no âmbito da Operação Lava Jato, foi implementado durante a gestão de Dilma e que ninguém está imune. “Ao contrário do que pensa a oposição, delação não é sinônimo de condenação. Vamos aguardar a apuração”.
Já o deputado federal Nilson Leitão (PSDB) garante que a divulgação de tais informações não tirará o foco da oposição, que está centrado no impeachment de Dilma. “Todos devem ser investigados. Os temas levantados contra o senador Aécio são requentados, alguns já investigados e arquivados, mas , diferentemente do PT, queremos sim investigação”. Além da conta bancária, Aécio é citado por Delcídio como um dos beneficiários da chamada Lista de Furnas, documento que aponta políticos que teriam recebido propina da Furnas Centrais Elétricas. Além disso, o senador tucano teria abafado a divulgação dos dados do Banco Rural à época da CPI dos Correios. O governador Pedro Taques (PSDB) não quis comentar o fato pela assessoria de imprensa