Dois médicos e um gesseiro que tiveram os nomes veiculados a um esquema de cobrança de propina de pacientes para serem operados no Hospital Metropolitano de Várzea Grande, foram ouvidos nesta quinta-feira (1º), mas as investigações permanecem na estaca zero. De acordo com o delegado Fábio Silveira, que comanda as investigações, eles negaram envolvimento em qualquer esquema afirmando que nunca mantiveram contato com o segurança preso em flagrante no dia 25 de fevereiro, pela cobrança de R$ 2,5 mil do esposo de uma vítima de acidente de trânsito que passou por cirurgia na perna, no Metropolitano.
O delegado ainda não conseguiu o nome do profissional que realizou a cirurgia, já que o porteiro disse que só vai falar em juízo. Ele foi preso quando recebia R$ 500 dos R$ 2,5 mil combinados como parte do pagamento por supostamente ter intermediado a "transação". No entanto, o delegado explica que não existe nada de concreto contra um ortopedista, porque a vítima ao registrar boletim na Polícia disse que o gesseiro indicou o médico para realizar a cirurgia por R$ 6,5 mil em um hospital particular. "Isso não é crime e ao ser ouvido o médico afirmou que nunca autorizou qualquer pessoa a falar em nome dele para negociar cirurgias", disse Silveira.
Outro médico, que trabalha no Pronto-Socorro de Várzea Grande há 12 anos, relatou ao delegado que encaminhou três pessoas para a Central de Regulação do Metropolitano atendendo solicitação da Assistência Social do PS. Ele explicou que existiam três vagas disponíveis para as cirurgias ortopédicas realizadas no hospital. Então mandou um homem e uma jovem que aguardavam pelas vagas.
Para a terceira vaga foi destinada a paciente esposa do homem que denunciou o esquema, porque ela atendia o perfil da Central de Regulação ao contrário de outra senhora que precisava de uma cirurgia de alta complexidade não realizada no Metropolitano. O gesseiro também negou qualquer participação.
Diante da situação, o delegado disse que a próxima etapa será ouvir servidores da assistência social, da Central de Regulação e a equipe médica que realizou a cirurgia. Silveira não descarta a hipótese que o porteiro possa ter agido sozinho para ficar com o dinheiro de pacientes e ao ser denunciado tentou envolver nomes de outros profissionais, que participam do processo de encaminhamento de pacientes para o Metropolitano, mas não de esquema de venda de vagas.
A direção do Pronto-Socorro de Várzea Grande informou que já exonerou o porteiro. O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM) também abriu sindicância para apurar o envolvimento de um médico que atua no PS, no esquema de venda de vagas para realização de cirurgias ortopédicas.