A cada quatro dias uma mulher é assassinada em Mato Grosso e cerca de 30% dos casos deste ano ocorreram em Cuiabá e Várzea Grande. O Estado conta com índice de mortes cometidas contra pessoas do sexo feminino acima da média nacional. O “Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres” aponta que no país a taxa de homicídio de mulheres é 4,8% a cada 100 mil habitantes. Em Mato Grosso, o número eleva-se para 5,8%.
Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) apontam que entre janeiro e abril de 2016, 31 mulheres assassinadas, sendo nove em Cuiabá e Várzea Grande. Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, a defensora pública Rosana Leite Antunes de Barros destaca que é muito alto o número de homicídios cometidos contra as mulheres em Mato Grosso. Na maior parte dos casos, a motivação para a morte de homens e mulheres é diferente, o que acentua a preocupação.
Enquanto a maioria dos homens é assassinada por dívidas de drogas e envolvimentos com crimes, as mulheres costumam ser mortas dentro de casa, por familiares. “Dados demonstram que 43% das mulheres são vítimas de homicídio dentro da própria casa, tendo como agressor alguém da família, ex-marido ou ex-companheiro. As mulheres morrem pelo fato de serem mulheres, porque um homem não aceita o fim do relacionamento, ou por entenderem que têm poder sobre o corpo daquela mulher”.
Conforme a defensora, o inconformismo, a traição e a quebra da expectativa do ser mulher são as principais causas que levam os parceiros ou ex-companheiros a tirarem a vida das mulheres e todos são banais e injustificáveis. “Ninguém é obrigado a viver com quem não quer. Isso precisa ser entendido pelos homens, que também precisam ter consciência que não podem matar porque foram traídos”.
A quebra da expectativa, segundo Rosana, é quando a mulher não cumpre todo papel determinado socialmente ao público feminino e isso frustra o homem, que não aceita um comportamento diferenciado. Em abril, José Machado Fernandes, 52, confessou ter assassinado a ex-namorada Tânia Ottonelli, 43, a facadas em Nova Mutum (264 km ao norte de Cuiabá).
A vítima havia procurado a Polícia e relatado estar sendo perseguida e ameaçada pelo acusado, devido ao fim do namoro. Tânia conseguiu medida protetiva e José estava impedido de se aproximar dela, sob o risco de ser preso. A determinação judicial não foi suficiente para salvar a vítima, que foi seguida pelo criminoso e atingida no pescoço e no tórax.
Em Rondonópolis (212 km ao Sul), o fim do relacionamento entre Hélio Alves dos Santos, 25, e Marlene Reis dos Santos, 36, resultou na morte da mulher, que teve a casa incendiada e o corpo encontrado debaixo da cama pelo Corpo de Bombeiros. Ele também não aceitava a rejeição da mulher.