O adolescente R. A. U., de 17 anos de idade, se apresentou a polícia, acompanhado de advogado, e confessou ter matado a tiros o próprio pai, o sitiante e guarda noturno Joari Ule, de 57 anos. O crime aconteceu nesta segunda-feira (29/06), na casa da vítima, localizada na Rua Tapejara, no bairro Cidade Alta. O menor alega que era desprezado pelo pai desde criança e que há anos vinha presenciando o mesmo agredir a mãe.
R. A. U. se apresentou por volta das 10h30 desta quarta-feira e, conforme a polícia, exibiu a arma do crime, um revólver calibre 32, e relatou que premeditou o assassinato. Em depoimento ao delegado João Paulo de Andrade Farias, ele relatou que o pai o rejeitava, afirmando que não era filho biológico, pois era de cor mais escura que o genitor. Há cerca de três anos, contou que, em uma das brigas, Joari partiu para cima da mãe com uma enxada e, para defende-la, apossou de outra enxada e desferiu um golpe contra o pai. Após a ocasião, diz que a relação entre eles ficou mais conturbada.
Ainda em depoimento à polícia, o menor relata que comprou a arma por R$ 400,00, cerca de 15 dias antes do crime, justamente com o intuito de matar o pai. Ele conta que, nesta segunda-feira, o assassinato aconteceu após o almoço, quando Joari havia se dirigido para o tanque da área de casa e começou a fazer ameaças contra a esposa, que não estava na residência, afirmando que a mesma o traía. Ele acrescentou, no depoimento, que ficou nervoso, foi até o quarto e pegou o revólver. Na sequência, diz que foi até o pai e descarregou as seis munições contra o mesmo. Não satisfeito, afirmou ao delegado que municiou novamente a arma, retornou ao pai já caído e efetivou novos disparos.
Para a polícia, R. A. U. narrou que apenas o seu irmão, de 11 anos de idade, estava em casa na hora do crime, mas atesta que o mesmo estava em outro cômodo. Após o assassinato, o acusado mandou o irmão para a escola. Relata ainda que, de bicicleta, entregou a arma a um colega, passou em uma conveniência e seguiu rumo à MT-270, onde ficou por dois dias em meio ao mato, até decidir entregar-se. Em depoimento à polícia, a mãe de R. A. U., Elza Maria de Arruda, confirma que o esposo fazia uso de bebida alcoólica e, por isso, era violento e lhe agredia com frequência.
O delegado João Paulo repassou à reportagem que, por o caso fugir da sua atribuição, acabou ouvindo o menor, apreendeu a arma e a enviou para a devida perícia técnica, concluindo o inquérito policial sobre a morte de Joari. Em seguida, apresentou o menor à Delegacia Especializada do Adolescente (DEA). Os autos foram remetidos ao delegado da DEA para que, após ouvido o Ministério Público, sejam enviados ao juiz da Infância e Juventude (6ª Vara Cível), para as providências legais. A competência de representar pela prisão do adolescente competirá ao delegado da DEA e ao promotor da Infância e Juventude, enquanto que a decisão da prisão competirá ao Juiz da 6ª Vara Cível.