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Réu-confesso que matou professor e estudante chega a Cuiabá

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Desembarcou às 12h13 de ontem, de um avião da TAM no Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande (Greande Cuiabá), o empresário-homicida Francisco dce Assis Vieira Lucena, de 50 anos. Ele voltou 17 anos depois de matar o professor universitário Dário Luís Scherner, na época com 45 anos, e o filho dele, o estudante Pedro César Scherner, na época com 17 anos. Os dois foram executados com mais de dez tiros de revólver calibre 38.

Lucena, que já usou vários nomes falsos, entre eles Francisco Bueno da Silva,foi preso por investigadores da Polícia Civil de Mato Grosso chefiados pelo delegado Anderson Garcia por volta das 23h45 da última quarta-feira (16), na casa dele, na cidade de Osasco, em São Paulo sem apresentar qualquer tipo de reação.

Antes de se esconder em São Paulo, onde vinha trabalhando como representante comercial de uma empresa de tecidos, Lucena passou por vários estados brasileiros, mas foi para fora do país sua primeira fuga.

Após matar o professor Dário, e o estudante Pedro, Lucena fugiu para a Cidade de Chapada dos Guimarães (Baixada Cuiabana, a 65 quilômetros de Cuiabá). De lá, segundo relato do próprio acusado à Polícia, Lucena foi parar em uma das cidades do Paraguaio, onde recebeu proteção de um conhecido traficante de região por quase um ano, até fugir novamente para o Brasil.

Preso por investigadores da Polícia Civil chefiados pessoalmente pelo delegado Anderson Garcia usando nome falso, Lucena, que vivem com uma segunda mulher depois da separação da primeira, quando ele ainda morava em Cuiabá e cometeu o duplo homicídio, Lucena admitiu que foi surpreendido pela rápida ação dos policiais civis.

“Ele não reagiu nem tentou fugir, que é uma das especialidades porque não deu tempo. Nós, com apoio da Polícia de São Paulo, chegamos abafando, sem dar nenhum tipo de chance a ele”, afirmou na manhã de ontem o delegado Anderson Garcia.

Lucena também é réu-confesso do duplo homicídio. Apesar de nunca ter sido ouvido, nem pela Polícia, muito menos pela Justiça, Lucena confessou o crime com muita naturalidade ao próprio delegado federal Diógenes Curado, secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso. Além de confessar os dois crimes, ele também forneceu detalhes de alguns lugares por onde ele andou nestes últimos 17 anos.

“A primeira fuga dele foi para o Paraguaio. Lá ele recebeu apoio de um conhecido traficante – Curado não revelou o nome -, antes de fugir. Ele também confessou pra mim, que realmente matou o pai e o filho. Disse também que só vai falar os motivos em do duplo homicídio em juízo”, afirmou o secretário Curado.

O professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Dário Luís Scherner, e o estudante Pedro, foram executados por volta das 13h30 de uma sexta-feira, dia 27 de dezembro de 1991. Pai e filho levaram, pelo menos cinco tiros cada um dentro da Casa da Suspensão, localizada na Avenida Tenente-coronel Duarte, quase esquina da Avenida 15 de Novembro, no bairro do Porto, em Cuiabá.

A denúncia do Ministério Público conta que o duplo homicídio qualificado foi praticado por Francisco Lucena por motivos fúteis, torpe e sem um mínimo de defesa para as duas vítimas.

Contam a criminóloga Geovana Scherner, de 36 anos, que estudou direito para ajudar a entender as leis, e o irmão dela, o publicitário Dário César Scherner, 32, contam que no dia do crime a família estava saindo de casa em viagem de férias.

“Nós iamos viajar de féria e o meu irmão, fanático por carro resolveu fazer uma surpresa para o papai e levou o carro para uma checagem na suspensão. Acertou um preço e ele iria pagar com o dinheiro dele. O dono da oficina (Lucena) mudou de preço e ele não tinha mais dinheiro. Resolveu levar o carro, mas foi impedido. Chamou o pai, mas o homem não voltou atrás e ainda disparou város tiros contra ele. Depois também matou o meu irmão”, contou Geovana.

Enquanto Francisco Lucena mudava de nome e não parava muito tempo no mesmo lugar, mudando constantemente de Estado para Estado e até para outro país, a família do professor Dário também não parava de cobrar justiça. Ontem, finalmente eles exibiram um cartaz coma frase: “Mamãe, conseguimos”. Os parentes e amigos usavam uma camiseta branca com a frase: “17 anos de espera, justiça e nada mais”.

“Nunca deixei meus filhos perderem a ternura por causa da violência que sofremos. Uma pessoa destruiu a nossa família psicologicamente, mas nós tivemos força e dignidade de lutar por justiça sem violência”, foram as primeiras palavras da viúva Carmem Scherner, que perdeu o marido e o filho que acabara de passar em um vestibular muito concorrido numa das universidades federais do Rio de Janeiro.

Dona Carmem que falava e chorava ao esmo tempo, sempre apoiada pelos dois filhos – Dário César e Geovana -, fazia questão de destacar o trabalho da Polícia Civil, da Justiça, sem esquecer também de elogiar a conduta dos filhos e algumas pessoas que ajudaram à família na dor e nas investigações.

”Meus filhos foram maravilhosos. Os dois aguentaram muito sofrimento, sem nunca mudarem de opinião a respeito da violência. Nosso lema sempre foi a justiça e e paz. Nada de violência. Violência nunca, jamais. Por isso nós agora estamos de almas lavadas, principalmente pela dignidade de comportamento, sem agredir ninguém, apenas clamando por justiça”, destacou dona Carmem.

A matriarca da família Scherner também desabafou: Foi uma vitória. Foi a vitória da solidariedade. Foi uma vitória plural por muitos de seus axpectos. Mantemos às raízes até então sem, sequer chorar. Hoje, 17 anos depois de perder o meu marido, um exemplo de homem, e um filho com uma futuro brilhante pela frente, eu estou chorando“.

Geovana, uma das mais felizes com a prisão de Francisco Lucena – ela e o irmão montaram um verdaedeiro dossiê sobre o caso, entregue seis meses atrás à Assembléia Legislativa e ao secretário Curado -, disse, que ”enquanto o assassino fugiu, nós também trancávamos as portas, pois morríamos de medo dele voltar para matar o resto da família“.

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