Quase mil pessoas foram presas em ações de repressão ao tráfico de drogas desencadeadas pelas forças policiais da Segurança Pública, na região metropolitana (Cuiabá e Várzea Grande) e em ações específicas na fronteira do Estado, realizadas em investigações da Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Judiciária Civil.
Os presos, um total de 990, sendo 833 homens e 157 mulheres, em grande parte, são traficantes que comandam bocas de fumo e flagrados com pequenas porções de entorpecentes, durante operações para desarticular o tráfico doméstico em bairros de Cuiabá e Várzea Grande. Outra parcela são membros de quadrilhas do tráfico interestadual, presos com quantidades significativas de drogas.
Os números da Delegacia Especializada de Entorpecentes (DRE) foram contabilizados entre os meses de janeiro a novembro. No balanço da unidade foram instaurados 730 inquéritos policiais e enviados à Justiça 587 investigações concluídas. Dentro dos procedimentos estão mais de 2.653 quilos de entorpecentes apreendidos no período, em operações da Polícia Civil e da Polícia Militar. Por tipo de droga, a maconha foi o produto com maior número de apreensão, um total de 1.939 quilos, e cocaína cerca de 673 quilos.
O delegado titular da DRE, Juliano Carvalho da Silva, explica que o cerco às quadrilhas é constante, mas a maconha acaba chegando com maior facilidade devido ao custo menor no investimento. “Na análise patrimonial, 200 quilos de cocaína vale cinco vezes mais do que mil quilos de maconha. O investimento é maior. Enquanto você paga um valor maior no quilo de pasta-base, na fronteira com a Bolívia. Na fronteira com o Paraguai paga-se 100, 200 reais no quilo. A questão é o investimento do traficante, aqueles que estão iniciando com mil reais compram dez quilos de maconha lá no Paraguai e enquanto aqui não compra nem um quilo de pasta”.
A droga que sai da fronteira com a Bolívia viaja pelo ar, pela terra e pela água. São muitos os artifícios usados pelos traficantes para dificultar a fiscalização e sair da fronteira com carregamentos de entorpecentes, seja pequeno ou grande.
Os meios empregados no transporte são os mais diversos como veículos com compartimentos falsos, aviões que não são detectados por radares, embarcações, solas de sapatos, malas, bichinhos de pelúcia e também usadas pessoas como os chamados mochileiros, que assim como os ‘mulas’, que levam a droga junto ao corpo ou no estômago, são contratados para carregar em mochilas tabletes de entorpecente e caminham longas distâncias a pé e quando desconfiam da fiscalização se desfazem da droga no mato.
Em uma das apreensões da DRE, cerca de nove quilos de cocaína foram diluídos em quinze mantas que seriam levadas dentro de uma mala para Europa. As mantas estavam dentro de uma mala fechada com cadeado, na casa de uma mulher, presa em flagrante por tráfico de drogas, na cidade de Mirassol D’Oeste (300 quilômetros da capital), no mês de outubro de 2015. “Se não tivesse uma denúncia anônima não iriamos descobrir essa droga”, afirma o delegado Juliano Carvalho.
De acordo com o delegado Juliano, além dos artifícios usados pelas quadrilhas, a repressão ao tráfico de drogas na fronteira enfrenta uma das maiores dificuldades, que é a extensão da faixa de fronteira, mais de 750 quilômetros de área seca e 233 alagados, com o país vizinho da Bolívia. “São áreas muito grandes para cobrir, além de muitas cidades pequenas que dificulta entrar no local sem ser percebido. A todo o momento você é plotado, porque muitas das pessoas daquelas cidades vivem em função do tráfico e trabalham para o tráfico”, ressalta.
“Você tem pessoa na entrada da cidade, que aparentemente está ali, quietinho, vendendo um coco, por exemplo, mas na verdade está observando todo e qualquer tipo de carro diferente e já informa. São olheiros do tráfico”, completa.
O delegado destaca, que mesmo com todos o percalços da fiscalização, a mudança de metodologia de trabalho das Polícias tem alcançado resultados mais consistentes, do que em anos anteriores. “Nossas investigações ficaram mais consistente justamente nessas quadrilhas, pegando novas rotas, novos ‘modus operandis’, novos estilos e isso tem obtido sucesso maiores. Esse trabalho não é só feito pela Polícia Civil. A Polícia Militar também tem conseguido fazer um bom trabalho de prevenção”, finalizou.
O delegado adjunto da DRE, Luiz Henrique Damasceno, ressalta que a Delegacia trabalha com muitas informações e a denúncia anônima é um dos recursos mais valorizados na unidade em razão de muitas serem procedentes. O delegado lembra que foi uma denúncia anônima que levou a apreensão de 416 tabletes de maconha, no dia 11 de setembro, no bairro Nova Fronteira em Várzea Grande.
“A participação da comunidade é muito importante nos trabalhos da Delegacia, tanto na apreensão de grandes quantidades quanto no fechamento de bocas de fumo, que incomoda o morador. Toda denúncia que nos chega é checada e muitas obtemos sucesso na prisão e apreensão”, disse o delegado.