Cerca de 20 quilos de pasta base de cocaína eram remetidos por semana para a região Nordeste do país por uma organização criminosa de atuação interestadual desarticulada pela Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE), ontem. A quadrilha também falsificava documentos e atuava na lavagem do dinheiro adquirido com a venda de droga de origem boliviana. A estimativa é de que a quadrilha movimentava em torno de R$ 200 mil, por semana, com o comércio da droga.
O pagamento da droga, enviada a clientes do Nordeste, era feito por meio do sistema "dólar cabo", conta aberta em uma casa de câmbio, no centro de Cuiabá, onde policiais cumpriram mandados de busca e apreensão. O dinheiro era depositado na conta e poderia ser resgatado em qualquer lugar do Brasil.
A quadrilha tinha também dois lava-jatos, na capital, usados de fachada para movimentar o dinheiro adquirido com a atividade ilícita. "Todo o dinheiro que entrava se misturava a atividade do lava-jato", explicou a delegada titular da DRE, Alana Cardoso. "A questão da lavagem de dinheiro temos que apurar ainda. O fato é que a gente tem bem clara uma situação de remessa 25 kg de drogas para o estado do Pernambuco".
As investigações, que resultaram na operação "Travessia", iniciaram em maio desde ano, após a prisão em flagrante do traficante M.S.A., feita pela Polícia Militar, em um lava-jato no bairro Tijucal, com cerca de 300 gramas de pasta base de cocaína.
Para a operação, a Justiça decretou 11 mandados de prisão preventiva e 12 ordens de busca e apreensão domiciliar. Os mandados foram expedidos pela 9ª Vara Criminal da capital. Nove pessoas tiveram as prisões cumpridas por policiais da DRE, Combate ao Crime Organizado (GCCO), Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (DERF) de Cuiabá, e da Delegacia Fazendária, ontem.
Entorpecente encontrado no lava-jato apontou que M.S.A. trabalhava para E.J.S.B., que atualmente está recolhido no Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), por tráfico de drogas. O traficante foi preso no ano passado pela DRE, na operação “Abadom”.
Na ocasião, a polícia constatou que, mesmo preso, ele havia aumentando seu poder econômico e passou a comandar um esquema de remessa de droga também para outros estados, usando pessoas do lado de fora do presídio para gerenciar o comércio ilegal.
Conforme a delegada Alana Cardoso, no final de junho deste ano, a DRE efetuou a prisão em flagrante de M.C.G., 57 anos, com 22 quilos de pasta base de cocaína, ficando comprovado que a mulher junto com M.S.A. gerenciavam o tráfico para E.J.S.B., que tem ligação com outros suspeitos investigados por exercer a função de funcionário ou mula.
A droga estava dentro de uma mala encontrada em no quarto da casa da suspeito, no bairro Residencial Paiaguás, em Cuiabá.