Policiais civis da Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá prenderam, ontem, um homem, de 29 anos, “conhecido como um dos maiores estelionatários de Mato Grosso”. Ele é investigado por realizar um golpe de R$ 337,5 mil contra duas lojas de móveis de alto padrão. O crime ocorreu em fevereiro do ano passado.
“É um big player, um alvo que, se não for o maior golpista de Mato Grosso, está entre os cinco maiores. É uma prisão muito importante, uma grande vitória para a Polícia Civil”, disse o delegado responsável pela investigação, Bruno Palmiro.
Ele já foi alvo de duas operações da Polícia Civil, uma delas a Operação Falsa Portabilidade, que investigou uma quadrilha especializada em falsificação de documentos para abertura de contas digitais utilizadas na prática de golpes. Neste caso, segundo a polícia, ele desviou R$ 23,8 milhões.
Em abril do ano passado, a proprietária das lojas, na Capital, procurou a Delegacia de Estelionatos e relatou que, em fevereiro do mesmo ano, foi procurada por uma cliente, pelo Whatsapp, que demonstrou interesse em comprar produtos promocionais disponíveis em uma campanha da loja. Foi enviado orçamento e as negociações ocorreram de 02 a 24 de fevereiro, culminando com a efetivação do pagamento pela cliente, por meio de links digitais emitidos por duas financeiras, cujas operações autorizadas totalizaram R$ 337,5 mil, divididas em 10 transações.
Após a autorização dos pagamentos e o respectivo faturamento, a loja organizou a logística de retirada das mercadorias e uma transportadora fez as entregas em quatro remessas. No final de fevereiro, ao consultar os recebimentos das compras junto aos bancos, a loja de móveis foi surpreendida com a contestação dos valores. As instituições financeiras alegaram possível fraude no uso dos cartões para pagamento das compras.
A investigação apontou que o suspeito, que estava preso à época do crime, “organizou” a compra dos móveis dentro da unidade prisional onde estava detido, em Várzea Grande. A fraude foi aplicada usando cartões de crédito, supostamente de terceiros, a fim de dissimular os reais suspeitos da prática criminosa. Após a denúncia, os policiais localizaram os móveis roubados em dois imóveis, um pertencente ao próprio suspeito, no bairro Jardim Paulista, e outro à mãe dele, no bairro Jardim Califórnia, ambos em Cuiabá.
O imóvel no Bairro Jardim Paulista havia sido totalmente mobiliado com os itens da loja alvo de estelionato e estava alugado para a família de uma influenciadora digital apontou a polícia.
Já no dia 09 de janeiro deste ano, a Polícia Civil deflagrou a Operação Jail Hacker e recuperou a maioria dos móveis, como jogos de mesa de jantar, móveis de área externa, estofados, objetos decorativos, itens de cama, mesa e banho, poltronas, entre outros, que foram reconhecidos pela proprietária da loja como os produtos comprados e não pagos. Após ter a casa alugada esvaziada, a influenciadora digital e o marido tentaram negociar com o suspeito para permanecer na casa e não conseguiram. Por fim, resolveram sair da casa.
Porém, em meio ao desacordo, passaram a ser ameaçados pelo suspeito, que aproveitou da profissão da jovem, de 27 anos, que junto ao marido tem mais de 180 mil seguidores, para ameaçar que publicaria nas redes sociais que ela sabia a origem dos móveis e do imóvel alugado.
A influenciadora digital e o marido, que não conheciam o suspeito pessoalmente e haviam alugado a casa por meio de uma imobiliária, procuraram a Polícia Civil em fevereiro deste ano e denunciaram que estavam sendo vítimas de estelionato, calúnia, difamação e ameaça. Diante de mais uma denúncia, o delegado Bruno Palmiro pediu a prisão do suspeito.
O suspeito não reagiu à prisão e foi levado para a Delegacia de Estelionato, onde foi ouvido e ficou à disposição da Justiça.