A presidente da Associação dos Produtores Agrícolas da Fazenda Cocal (Aprac), Helena Souza Ferreira, 45, foi executada com um tiro no peito, por volta das 19h de sábado (14), dentro do assentamento, localizado a 70 km de Rosário Oeste e 130 km de Cuiabá. O homicídio ocorreu em frente a diversas testemunhas, enquanto a trabalhadora sem-terra se deslocava a pé para uma reunião com a comunidade. O filho dela, Ronaldo Ferreira Neris, 25, também foi baleado com um tiro no braço, supostamente pelo mesmo assassino, identificado apenas como “Cleiton”, que está foragido.
O marido da vítima, José Pereira, 58, afirmou que o crime teria sido planejado pelo pai do rapaz, “Nicodemos”, que integra uma das famílias que brigava pela liderança no local, a mando do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As declarações foram feitas durante o velório, que ocorreu no final da tarde de ontem, no cemitério da Prefeitura de Cuiabá, no bairro São Gonçalo. “As desavenças começaram depois que derrubamos a bandeira do MST há uns seis meses, a vida dela não teve mais paz”.
Segundo ele, o pré-assentamento foi criado há cerca de seis anos, tem uma extensão de 6 mil hectares e abriga 105 famílias, que lutam faz pelo menos dois anos pela demarcação dos lotes pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Mato Grosso e pela inclusão da comunidade em projetos de infra-estrutura. Hoje, eles estariam sobrevivendo sem unidade de saúde ou escolas. “Nossa situação já vinha sendo denunciada à autoridades faz tempo, mas nunca ninguém foi lá para tomar nenhuma providência”.
O integrante da comunidade, Paulo Macaúba, 45, reforçou a acusação de corrupção dentro do MST que teria desviado de Cocal mil cestas básicas, de um montante de 1,250 mil que teriam sido enviadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Olha só o que acontece com uma pessoa íntegra, batalhadora e que tinha vontade de fazer a coisa certa, será que o governo não vai tomar nenhuma providência ou vai ter que morrer mais gente?”.