O secretário de Segurança Pública, coronel César Roveri, confirmou hoje em coletiva de imprensa que havia somente dois policiais militares de serviço em Brasnorte (410 km de Sinop) na última sexta-feira, dia do assalto à cooperativa de crédito Sicredi. Roveri esclareceu que os dois são investigados por facilitar a fuga dos criminosos. Ambos estão presos.
O tenente-coronel Murilo Franco, que atuou na operação, explicou a dinâmica do fato que levantou a hipótese da suposta omissão dos policiais militares. Segundo Franco, os policiais saíram rapidamente no encalço da Hilux utilizada pela quadrilha, porém ao longo do trajeto teriam deixado o veículo se afastar.
“Nos chamou a atenção o fato de que durante a execução do roubo não houve praticamente disparos de arma de fogo por parte do grupo criminoso. Eles realizaram um único disparo e a gente achou isso atípico. Mas mais que isso, depois que nós começamos a acompanhar o deslocamento, o trajeto deles através das câmeras do vigia mais Mato Grosso nós percebemos que o registro próximo à agência dava um delay (atraso) de tempo de aproximadamente 35 segundos entre a saída da Hilux e a saída da guarnição. Que seria um tempo considerado até em razão de que a viatura estava distante da agência. Contudo, decorridos aproximadamente 1,8 mil metros, que é o período de deslocamento da agência, a distância de deslocamento da agência até a última câmera na saída, que é o do parque de exposição, a gente constatou um delay de passagem de aproximadamente 5 minutos. Isso já é um tempo considerável”, explicou.
O tenente-coronel explicou ainda que, posteriormente, o serviço de inteligência das forças de segurança confirmou a informação do possível envolvimento dos dois cabos da Polícia Militar. “Quando a gente começou a fazer as entrevistas chegou a informação da inteligência que poderia ter a participação dos militares. E uma dessas pessoas de fato confirmou. Então, em razão dessa confirmação por parte dessas pessoas, em razão desse delay de 5 minutos na saída, de eles terem nos dito que estavam no encalço, nós entendemos que de alguma forma eles tiveram participação”.
“Para que vocês entendam bem, 5 minutos em uma velocidade de 120 km por hora representa 10 quilômetros. É a distância daqui da SESP (secretária) até a Arena Pantanal e indo pela Miguel Sutil. São os 10 quilômetros”, acrescentou o tenente-coronel Franco.
Ainda segundo o tenente-coronel Franco, os militares negaram envolvimento. “Eles não confessaram a participação. Eles falaram que estavam no encalço dos criminosos, contudo, as câmeras do vigia mais Mato Grosso mostram que isso não é bem verdade”.
Roveri também falou sobre o baixo efetivo em Brasnorte. “Tinha um comandante que era um capitão, ele foi removido da cidade. Nós vamos deslocar um oficial para comandar a cidade. Vamos repor também esses policiais que estão suspeitos de participação no crime. Nós temos uma série histórica de cidades e distritos que tinham 3 a 6 policiais militares. Tivemos algum chamamento atrás nós estabelecemos uma estratégia que distritos seriam no mínimo 12 policiais e municípios no mínimo 14. Alguns aconteceram algumas movimentações, algumas dessas pessoas passaram em concurso e foram destacadas, acabaram passando em outros concursos e saíram. Mas nós temos uma média aí de 12 a 14, talvez um pouco menos, um pouco mais, mas nós sempre estamos repondo nesses locais. Então nós não temos o que tínhamos no passado. Por exemplo, Brianorte tinha 3 policiais militares, hoje lá nós temos 12 policiais”.
O secretário admitiu o pouco efetivo e também lamentou a atitude dos policiais que estavam de serviço. “Pouco. Infelizmente, os indícios mostram que eles estavam envolvidos. Se eles tivessem feito apenas o acompanhamento, com certeza isso teria sido resolvido em menos de 48 horas, como foi, talvez até menos de 24”.
Roveri também afirmou que, com a finalização de uma nova turma da Polícia Militar, as guarnições devem ser reforçadas até o início do próximo ano. “Nós temos um curso em formação agora da Polícia Militar, temos 230, eles devem formar em dezembro. Virando o ano 2026 nós faremos novamente, como eu sempre digo, nós fazemos um estudo, tem um binômio necessidade e possibilidade, ele tem que ser observado, a necessidade ela existe, a possibilidade do estado em contratar ele tem que analisar, tem que ter o estudo da secretaria de Planejamento, tem que ter o estudo do impacto da secretaria de Fazenda, para que a gente possa fazer novas contratações”, acrescentou.
O secretário também afirmou que já foram mais de 10 presos pelo crime. “Até agora, 14 presos no total, 12 presos por envolvimento direto, na fuga, no cometimento do crime, em atos preparatórios e mais dois policiais militares também ratificados pela Justiça Militar”, finalizou.
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