Os três acusados de fazer parte da “máfia da cobrança”, presos na quarta-feira (29) na “Operação Cobrador”, foram ouvidos ontem pelos delegados responsáveis pelo caso. Dois deles apontaram os nomes de vários envolvidos, inclusive de um oficial de alta patente da Polícia Militar, um soldado e mais dois policiais civis. O outro negou participação no crime, mas admitiu saber do esquema e conhecer os outros acusados.
O delegado regional de Rondonópolis, Jales Batista, ouviu o agente prisional Marclean Menezes Lopes, na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), do Hospital Regional daquele município. Ele sofreu um acidente de carro e já estava internado antes do mandado de prisão ser deferido. Os outros foram presos em Campo Verde.
“Tanto eu como o delegado Fernando Vasco Spinelli, que ouviu os outros dois acusados em Dom Aquino, estamos satisfeitos com o que nos foi relatado, pois várias suspeitas estão confirmadas, inclusive a participação de policiais no esquema da cobrança”.
Segundo o delegado, o agente prisional contou que era amigo pessoal de um dos cabeças do grupo, o Jovair Rodrigues da Silva, conhecido como “Márcio”, que está preso. Quanto ao líder da quadrilha, o empresário Osvaldo Cirilo, que está foragido, ele disse conhecer apenas de vista.
O agente declarou que conhece o outro acusado que foi preso, o oficial de Justiça Marcilei Cardoso Cavalcanti, apenas profissionalmente do Fórum. Quanto aos outros foragidos, Oziel Lopes, Egnaldo Jerônimo Aguiar e Zelmon Aparecido Satelis Rocha, ele diz conhecer de vista, os cumprimenta, mas não tem relação de amizade. Ele ainda “negou ter vendido munições para armas de fogo aos outros acusados. Contudo, admitiu saber que Jovair, Oziel, Egnaldo e Zelmon trabalham no ramo de cobranças. E, que segundo informações, eles pegam cobranças de empresas e pessoas e recebem porcentagem. Ele disse também que até onde tem conhecimento, as cobranças são feitas sem nenhuma violência”.
Em 2004 Marclean Menezes foi preso em cumprimento ao mandado de prisão expedido pela Justiça de Jaciara, sob acusação de homicídio e tentativa de homicídio. Ele ficou dois anos na Polinter, em Cuiabá. Depois de solto já foi acusado de porte ilegal de arma de fogo. Agora, tanto ele como os outros membros da quadrilha são acusados de extorsão, constrangimento ilegal, ameaça, agiotagem, formação de quadrilha, comércio ilegal de munições e corrupção.
O delegado Jales Batista disse que hoje serão ouvidos o oficial da PM, os policiais civis e o soldado PM. Os depoimentos serão tomados por ele e pelo delegado Vasco. Segundo Batista, uma das vítimas, a qual ele preferiu manter o nome em sigilo, procurou a polícia ontem e também denunciou a “máfia da cobrança, relatando que sua vida foi destruída”. Ela também será ouvida hoje.