A Polícia Civil prendeu dois homens, 33 e 34 anos, acusados de tentativa de latrocínio e latrocínio ocorridos na semana passada na zona rural de Nossa Senhora do Livramento. Os suspeitos foram presos em cumprimento de mandado de prisão temporária (30 dias) durante investigações da 1ª delegacia de Várzea Grande com apoio da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Veículos Automotores (Derrfva).
O delegado Eduardo Rizotto informou que, no dia 2, recebeu ocorrência, a princípio de tentativa de homicídio, referente um homem que estava internado no Pronto Socorro de Várzea Grande. A vítima, A.F.L., morador de São José dos Pinhais, no Paraná, foi ferida com um disparo de arma de fogo, na região da nuca, cujo projétil transfixou e ficou alojado na bochecha.
O filho da vítima procurou a delegacia e também informou que seu irmão, E.S.L., estava desaparecido juntamente com o veículo, um GM Cruze. Ele contou que o pai e o irmão vieram a Cuiabá para fazer um negócio. A.F.L., supostamente teria sofrido uma emboscada, e o irmão poderia estar em poder dos bandidos, assim como veículo.
Na apuração, a Polícia Civil descobriu que as vítimas vieram a Mato Grosso para aplicar o golpe da "máquina de dinheiro", que consiste em enganar vítimas usando papel em branco, água com corante e algodão para fabricar cópias das cédulas.
Ludibriadas, as pessoas acreditavam que podiam multiplicar o dinheiro usando a tal máquina e os golpistas, para a suposta fabricação do dinheiro, pediam grandes quantias para triplicar o valor e acabam ficando com o dinheiro verdadeiro. “De uma cédula verdadeira falavam que faziam sete idênticas falsas”, disse o delegado.
O golpista, que já responde por crimes de estelionato no estado do Paraná, foi apresentado em São José dos Pinhais (PR) a J.M., morador de Blumenau (SC), onde também responde por crime de latrocínio. A.F.L. disse que precisava de uns “clientes” e J.M. falou que conhecia umas pessoas em Mato Grosso.
A.F.L. e J.M. vieram para Cuiabá no dia 11 do mês passado. Aqui conheceram H.S.C.F., que foi até o hotel onde A.F.L. ficou hospedado para conhecer como funcionava a fabricação de dinheiro. No final de abril, A.F.L. e o filho retornaram a Cuiabá no veículo e J.M. veio em uma caminhonete branca.
No dia 29 de abril, o E.S.L. ficou aguardando no centro de Cuiabá, enquanto o pai seguiu com H.S.C.F. em um Fiat Uno preto, acompanhados de J.M. na caminhonete, até uma chácara em Nossa Senhora do Livramento, onde o suposto negócio seria consolidado.
No meio do caminho, A.F.L. foi obrigado a descer do veículo, ajoelhar e recebeu um tiro na nuca, que transfixou e o projétil ficou alojado na bochecha. Acreditando que ele estava morto, os dois suspeitos roubaram a aliança e a carteira. Depois foram embora, deixando o corpo caindo em uma região de mato, à beira da estrada. A.F.L. conseguiu se levantar e pedir ajuda para um sitiante, que o levou até o Pronto Socorro de Várzea Grande.
Na sexta-feira (6), o corpo do filho foi descoberto na localidade do assentamento Caninana, em Nossa Senhora do Livramento, com sinais de tortura, pois a vítima estava sem as pontas dos dedos. O laudo de necropsia ainda apontará a causa da morte, em razão do estado avançado de decomposição do corpo não ter sido possível visualizar perfurações de projeteis.
O delegado disse que os dois presos negam a morte, mas as investigações apontam que o suspeito H.S.C. um dia antes descobriu o golpe e junto com J.M. resolveram matar o pai e o filho para ficar com a máquina de dinheiro ou por ter sido enganado. “Pelas câmeras do hotel identificamos H.S.C., que é um sujeito perigoso em Várzea Grande”, disse o delegado, que também apura a modalidade do golpe que seria aplicado pelas vítimas, configurado como atos preparatórios, a princípio, pois não chegou a ser consolidado.