Quinze pessoas foram indiciadas na conclusão do inquérito policial, que culminou na operação "Fluxo Verde", deflagrada no dia 27 do mês passado pela Delegacia Especializada do Meio Ambiente. A operação resultou na prisão de oito dos alvos investigados nos municípios de Cláudia e União do Sul (90 e 130 km de Sinop respectivaemnte). Todas as 15 pessoas vão responder por crimes contra o meio ambiente, furtos de madeira, receptação, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
O inquérito policial foi encaminhado ao Fórum da Comarca de Cláudia, na semana passada, em razão do prazo de dez dias dos oito réus presos, sendo que sete deles permanecem recolhidos no presídio Osvaldo Florentino Leite Ferreira, o “Ferrugem”, em Sinop, por prisão preventiva. Um dos presos foi posto em liberdade pela Justiça.
Para a operação, a Justiça decretou 13 mandados de prisão temporárias e 18 buscas em apreensões em residências e madeireiras das cidades de Cláudia e União do Sul. Após a operação, a Justiça converteu as prisões temporárias em preventivas.
Segundo a investigação, todos os alvos são pessoas ligadas ao segmento madeireiro, grande parte donos de madeireiras e outras são pessoas que atuavam nas frentes de extração ilegal de madeiras da fazenda de 27 mil hectares, no município de União do Sul, cujas área de árvores nativas estava sendo dilapidadas pela ação criminosa das quadrilha que agiam dentro da propriedade na derrubada clandestina de árvores.
"Estas terras estão sendo dilapidadas, o bioma da região está acabando, tamanha a depredação do meio ambiente", disse a delegada Maria Alice Barros Martins Amorim, que presidiu o inquérito policial.
As investigações demonstraram que os acusados não participam somente da receptação da madeira. Eles também faziam encomenda do produto florestal furtado e falsificam documentos para legalizar a madeira clandestina. "São 12 inquéritos policiais que tramitam nesta unidade policial, sem que mudem a sua conduta ou passem a respeitar o aparato do Estado", destacou Maria Alice.
Conforme a delegada, o inquérito policial contem 18 volumes, sendo 15 anexo de provas como cupom fiscal que demonstram o abastecimento de maquinários, centenas de romaneios manuscritos, que são controles de cargas de madeiras entregues nas madeireiras, além de contracheques, canhotos de cheques, que confirma pagamentos, entre outros documentos que evidenciam o envolvimento dos madeireiros e pessoas ligadas as frentes de extração ilícita de madeira na propriedade, objeto de várias denúncias na Delegacia do Meio Ambiente.
De acordo com o relatório da delegada, as pessoas apostadas nos romaneios manuscritos são velhos conhecidos da Delegacia. "Useiros e vezeiros na prática de furto, abate, transporte e comercialização de madeira oriunda da propriedade de Jacinto Simões".
"Estes documentos fortalecem a linha de investigação e demonstram de forma cabal que o furto de madeira na propriedade de Jacinto Simões não havia sido combatida ainda junto aos verdadeiros responsáveis, àquela quadrilha que se mantinha e que alimentava o abate clandestino da madeiras".
As madeireiras ainda estão com as atividades paralisadas até a contagem dos produtos florestais estocados em seus pátios. O trabalho é feito por fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que estão aferindo as toras e para depois confrontar com o saldo no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). "Tudo o que está no pátio e não consta no saldo é de origem ilícita. A madeira vem com uma guia florestal que identifica qual plano de manejo pertence, que identifica sua origem", explicou a delegada Maria Alice Amorim.
Todas as empresas tiveram os cadastros suspensos CC-Sema – Cadastro de Consumidores de Recursos Florestais do Estado de Mato Grosso. As madeireiras estão proibidas de comercializar as madeiras do pátio, até a finalização do trabalho do Ibama, e definida a destinação do produto.