A Polícia Federal está preparando uma triagem na lista de beneficiários do suposto caixa 2 de Furnas para tomar os depoimentos de pessoas dispostas a desmascarar o uso de dinheiro ilegal em campanhas eleitorais no País, a exemplo do que fez o ex-presidente do PTB e ex-deputado federal Roberto Jefferson (RJ).
Os escolhidos começarão a depor na próxima semana e entre os primeiros estão parlamentares sem mandato por terem sido cassados ou renunciado em meio ao escândalo do mensalão. Entre os nomes considerados para convocação estão os do ex-presidente do PL, Valdemar Costa Neto e os dos deputados José Borba (PMDB-PR) e Bispo Rodrigues (PL-RJ), todos já sem mandato por conta das denúncias do mensalão. Estão na mira também os que estão com o mandato por um fio, como Roberto Brant (PFL-MG), Vadão Gomes (PP-SP), Pedro Corrêa (PP-PE) e Pedro Henry (PP-MT). Todos eles estão envolvidos no escândalo do mensalão e na lista de Furnas.
Entregue à PF pelo lobista mineiro Nilton Monteiro, a lista relaciona 156 políticos que teriam recebido doações de campanha com recursos de caixa dois levantados pelo ex-diretor de Furnas, Dimas Toledo, junto a empreiteiras e fornecedores de serviço da estatal. Até agora, só Jefferson confessou ter recebido os R$ 75 mil que constam em seu nome na lista.
A pedido da PF, a Controladoria-Geral da União (CGU) começa na próxima semana uma auditoria sobre os contratos com as 101 pessoas jurídicas (empreiteiras, bancos, fundos de pensão, corretoras de valores, multinacionais e fornecedores de bens e serviços em geral), citadas na lista como supridores de recursos do caixa dois para financiamento ilegal de campanhas de políticos na eleição de 2002. Conforme a lista, os beneficiários são do PSDB, PTB, PP, PL e PFL.
Embora ainda não tenha a confirmação de que a lista seja autêntica, a PF acha que outros acabarão confessando terem recebido recursos ilegais e montou uma estratégia para avançar as investigações, a partir da colaboração espontânea de políticos citados.
Outros punidos por quebra de decoro parlamentar podem ser chamados – como é o caso do ex-presidente da Câmara, Severino Cavalcante (PP-PE), cassado por corrupção, também citado na lista de Furnas com uma doação de R$ 180 mil. Serão chamados também políticos não eleitos e outros integrantes da lista dispostos à delação por algum interesse contrariado.
A PF abrirá essa etapa da investigação a quem quiser fazer delação espontânea. Segundo informou um delegado que participou da montagem da estratégia, a PF não estão preocupada, por enquanto, em checar a autenticidade da lista, mas em conferir se o seu conteúdo é verdadeiro e se as pessoas citadas de fato cometeram crime. Alguns dos citados negaram categoricamente, como foi o caso do prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB) e do governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB).