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Nortão: polícia investigará madeireiras sobre compra de toras em áreas fraudadas

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Além de grilar uma fazenda usada para esquentar madeira extraídas ilegalmente de outras áreas, parte do grupo preso hoje, em cidades do Nortão, pretendia se apossar de outra área, vizinha, em União do Sul (130 km de Sinop) para cometer as mesmas fraudes, aponta a Polícia Civil. A primeira área tomada pelo acusados é a Fazenda Moreira e as investigações apontam que eles pretendiam invadir a Fazenda Arara, utilizando o mesmo “modus operandi”. Além da polícia, Ibama e o Ministério Público também estiveram investigando o esquema, há cerca de 9 meses.
 
De acordo com o delegado titular da Dema – Delegacia de Meio Amviente-, em Cuiabá, Carlos Fernando Cunha, “a quadrilha atuava na grilagem de terras para obtenção de créditos com uso de documentos falsos, junto a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), para exploração florestal, com a finalidade de “esquentar” madeiras extraídas de áreas de preservação ambiental ou reservas. “Os créditos acabam servindo para legitimar madeiras de áreas proibidas como reservas ambientais”, disse o delegado. “Essa investigação é do interesse do Governo que tem a intenção de depurar esses servidores. A Sema foi favorável a apuração”, salientou o Carlos Cunha.

O grupo visava a “tomada” de propriedades rurais para depois da regularização da terra dar entrada em processo fraudulento de projetos de exploração ou manejo sustentável nas áreas invadidas, “visando unicamente a obtenção de créditos florestais para emissão de Guias Florestais e a sua posterior venda a madeireiros. Tudo isso para ‘esquentar” a madeira extraída ilegalmente de outras localidades”, disse o delegado da Polícia Civil de Sinop, Luiz Henrique de Oliveira.

Conforme Luiz Henrique, em 2007, o plano foi consumado em uma área no município de União do Sul, denominada pelos invasores como “Fazenda Moreira”, com cerca de 2 mil hectares. Após a “grilagem” da área, a quadrilha conseguiu junto a Sema a aprovação, com uso de documentos falsos, de 20 mil metros cúbicos em créditos de madeiras diversas, avaliados em R$ 3 milhões. A operação fraudulenta teve a participação de um tabelião que atuou na falsificação de documentos. A polícia acusa Antonio Paulo de Oliveira, o “Pachola”, preso em União do Sul juntamente com o empresário Gilmar Aliberte de “tomarem” a terra da vítima por meios fraudulentos e conseguiram os créditos para exploração da área. No entanto, na área do projeto já não havia madeira para extração seletiva, conforme fiscalização “in locu” realizada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA).

“O plano de exploração florestal foi montado com documentos falsos apresentados pelo engenheiro florestal Péricles Pereira Sena, contratado pela quadrilha para elaboração do projeto aprovado com apoio de servidores públicos”, informa a polícia. Conforme os delegados, a investigação terá desdobramentos para apurar quais madeireiras utilizaram os créditos para o transporte de madeiras. “Hoje a investigação se concentra nas fraudes. Já temos nove volumes de inquérito com provas periciais e técnicas. Agora vamos nos concentrar nos interrogatórios para concluir essa fase do trabalho”, finalizou o delegado Carlos Cunha.

A quadrilha era composta por várias pessoas residentes em vários municípios entre eles Cuiabá, Várzea Grande, Sinop, União do Sul e Peixoto de Azevedo assim como os crimes ocorreram em diversos municípios e comarcas. Vão responder por formação de quadrilha, esbulho possessório, falsidade documental, posse e porte de arma de fogo, uso de documento falso, extração ilegal de madeira, inserção de dados falsos em bancos de dados da administração pública, apresentação de informações falsa em licença florestal, denunciação caluniosa, corrupção ativa e passiva e falso testemunho.

Entre os  15 presos estão um tabelião, um advogado, três agrimensores, dois engenheiros florestais, três empresários e dois servidores públicos. Ainda há 2 foragidos.

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