Mega-fraudador de projetos financiados com verbas da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), o empresário José Osmar Borges morreu por ter ingerido substância química conhecida vulgarmente por “chumbinho”, na madrugada do dia 3 de dezembro do ano passado. Diante dessa constatação, o promotor de Justiça de Chapada dos Guimarães, Jaime Romaquelli, pediu o arquivamento de inquérito policial destinado a apurar as causas da morte do empresário. Segundo Jaime, há ausência de requisitos para a instauração de ação penal.
O inquérito foi aberto para apurar possíveis participação de terceiros na morte de Borges. Especialmente em função dos inúmeras ligações empresariais de risco que manteve ao longo de sua vida. Ele foi encontrado morto em sua mansão, na cidade de Chapada. A primeira indicação era de que o empresário teria cometido suicídio, mas a Polícia achou por bem investigar com mais profundidade o caso.
Segundo o promotor Romaquelli, as provas da Polícia indicaram que Borges ingeriu a substância química adquirida a seu pedido pelo funcionário Djalma Gonçalves, sob a alegação de que seria para matar passarinhos. A morte,deu-se em virtude de apnéia provocada por meio químico. “Inobstante as várias diligências realizadas, não se reuniu nenhum elemento de prova que indique com segurança a participação (induzimento, instigação ou auxílio) de terceira pessoa nessa empreitada insana” – frisou o promotor.
Borges era apontado como sócio do deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA) e envolvido em casos de fraudes que resultaram no desvio de mais de R$ 300 milhões dos cofres da extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) apenas em projetos aprovados no Mato Grosso. O político tinha ligações comprovadas com Borges, acusado por sua vez pelo Ministério Público Federal de ter desviado mais de R$ 130 milhões de incentivos fiscais do Fundo de Investimentos da Amazônia (Finam).
Em 2001, Borges chegou a ser preso pela Polícia Federal. Ele foi preso no município de Jaciara, a 120 quilômetros de Cuiabá. Na ocasião, ao descer do carro da polícia, Borges gritou: “Justiça será feita”. Prometia provar sua inocência. “Vou provar, com papéis, que não houve fraude nenhuma”.
As denúncias contra o empresário são inúmeras. Borges associou-se à mulher de Jáder, Márcia Zaluth Centeno, na fazenda Campo Maior. Borges entrou com R$ 1,7 milhão e Márcia Centeno com R$ 270 mil. Posteriormente, a fazenda Campo Maior foi incorporada pela Agropecuária Rio Branco, a holding de Jáder, por um valor declarado de R$ 600 mil. A Polícia Federal trabalhava com a possibilidade de que a fazenda Campo Maior foi, na realidade, “doada” por Osmar Borges ao deputado.
Borges teve vários projetos incentivados pela Sudam elaborados pelo escritório de contabilidade da contadora Maria Auxiliadora Barra, que por coincidência comprou um imóvel da família Barbalho e foi responsável pela elaboração do projeto do ranário Touro Gigante, de propriedade da mulher de Jáder, Márcia Centeno.
O Ministério Público chegou a investigar a remessa de US$ 120 mil por José Osmar Borges, através de contas CC-5, para uma conta que pertenceria a Jáder Barbalho num paraíso fiscal europeu.