A cada seis horas uma pessoa foi morta violentamente em Mato Grosso no ano passado, o que significa cerca de quatro assassinatos por dia. Os números colocam o Estado na 9ª posição no ranking das maiores taxas de homicídios a cada 100 mil habitantes. No total, 1.349 mato-grossenses foram mortos violentamente e intencionalmente (MVI) em 2015. Isso equivale a 41,3 mortos a cada 100 mil/ha. Os dados fazem parte do 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que será lançado no dia 3 de novembro pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
O levantamento aponta que, apesar de alto, o número de mortes é 5% menor do que o registrado em 2014, quando 1.402 pessoas foram mortas no Estado. Em dois anos, Mato Grosso teve 2.751 pessoas vítimas de mortes violentas intencionais, que abrangem os casos de homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, mortes causadas por confronto com as polícias e policiais mortos, tanto em serviço, quanto fora dele.
Nos casos de latrocínios (roubos seguidos de morte) os índices não têm nada de positivo. O número de vítimas cresceu 30% entre 2014 e 2015. Conforme o anuário, 68 pessoas foram vítimas no ano passado, contra 52 em 2014. Já os casos de lesão corporal seguida de morte, apresentara uma redução de 11%, passando de 36 para 32 vítimas em 2015.De acordo com o sociólogo e Membro do Núcleo Contra Violência e Cidadania da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e do Fórum Brasileiro de Segurança, Naldson Ramos, a queda de um ano para o outro deve ser vista com cuidado já que em muitos casos, os estados retificam dados. “No próximo anuário esses dados de 2015 podem estar diferentes”. Segundo ele, os principais motivos que levam à morte do indivíduo continuam sendo rixas, vingança, questões de gênero e o tráfico de drogas. Novamente o especialista em violência alerta que a falta de punição e investigações inconclusivas colaboram fortemente para o aumento no número das morte violentas e a sensação de impunidade. “A pessoa mata uma, duas, três vezes. Quando já está na quinta vítima é presa e só responde por aquela morte. A sensação de impunidade é grande e leva os criminosos a reincidirem”.
Segundo Naldson, uma maneira de conseguir reduzir o número de homicídios, não só no Estado, mas em todo país, é saber quem mata, porque mata e onde geralmente esse tipo de crime acontece. “Se trabalharmos políticas públicas para a repressão desses crimes e, consecutivamente, trabalhar para que os culpados sejam punidos, isso irá refletir na queda desses crimes”. Mas ele reconhece que é um trabalho complexo, já que necessariamente não depende apenas das forças da segurança pública. “É um conjunto de ações que precisam ser alinhadas para conseguir o objetivo desejado”.
O anuário revela ainda o número de pessoas que morreram durante o confronto com policiais militares e civis, que chegou a 15 vítimas em dois anos. De 2014 para 2015 as vítimas passaram de sete para oito. Já o número de policiais (civis e militares) mortos em situação de conflito é praticamente o dobro. Segundo o levantamento, que leva em consideração as vítimas em serviço e fora de serviço, 29 policiais foram mortos em dois anos. Apesar de maior, o número de mortes apresentou queda de um ano para o outro passando de 22 vítimas em 2014 para sete no ano passado. A queda é de 68,1%.