É pelo território mato-grossense que transita por terra e ar a cocaína que vem de países como Colômbia, Peru e Bolívia para depois alimentar o mercado do tráfico em regiões como São Paulo, Brasília e Minas Gerais. A informação aparece em destaque na reportagem especial publicada neste domingo pela “Veja”, revista de maior circulação semanal do Brasil. A revista produziu 41 páginas que retratam a criminalidade do país.
A publicação informa que carregamentos de cocaína por via aérea passam por Cuiabá vindos de Tabatinga e Benjamin Constant, cidades do Amazonas na fronteira com a Colômbia; Cruzeiro do Sul, município do Acre próximo ao Peru e ainda de uma região perto de Guajará-Mirim, interior de Rondônia, na linha de fronteira com a Bolívia.
Daqui, cita a “Veja”, a droga segue por estradas para Goiás, Brasília, Mato Grosso do Sul, divisa com o Paraná e São Paulo. Na edição da revista, são mostradas as rodovias do tráfico. Nessa rota surge a BR-163, principal via que liga Mato Grosso aos grandes do centro do país. De acordo com a revista, que para indicar os números a seguir, tomou como fonte a Polícia Rodoviária Federal, afirma que entre os estados do Paraná e Mato Grosso, pela BR-163, foram apreendidos em 2005, um total de 3,8 toneladas de maconha e 88 quilos de cocaína. A Via Dutra, que liga São Paulo ao Rio, lidera o ranking de apreensão de cocaína nas estradas. Em 2005, diz a PRF, nessa via foram apreendidos 632 quilos da droga.
“Veja” afirma que atividades criminosas no Brasil, como roubos a banco, a carros, cargas, tráficos de cocaína e maconha, movimentam R$ 8,15 bilhões de reais por ano. Note aqui a lucratividade só com negócios envolvendo a cocaína: o tráfico dessa droga rende aos criminosos R$ 5,2 bilhões de reais por ano. A estimativa de receita do Estado de Mato Grosso em 2007 é de R$ 5,3 bilhões. Isto é, os traficantes movimentam o mesmo que o Governo mato-grossense arrecada com impostos e repasses federais o ano todo.
O vizinho Mato Grosso do Sul integra o que a revista chama de epicentro do tráfico e do contrabando. Pedro Juan Caballero e Capitán Bado, cidades paraguaias separadas por duas ruas das cidades sul-mato-grossenses Ponta Porã e Coronel Sapucaia são apontadas como rotas internacionais do tráfico da cocaína e da maconha.
A reportagem depois mostrar o mapa do crime no Brasil, diz que para combater as facções que brotaram nos presídios de São Paulo e nos morros do Rio de Janeiro, é preciso entender a sua dimensão. Esses grupos se movem dentro de uma estrutura gigantesca, cujo principal combustível é o tráfico de cocaína.