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Investigados na operação Terra Prometida fariam “cota” para tentar subornar delegado da Polícia Federal

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Agentes da Polícia Federal, que fizeram buscas na cidade de Itanhangá antes da deflagração da Operação Terra Prometida, afirmaram em documento que um grupo de fazendeiros estariam fazendo uma cota, de R$ 10 milhões, para oferecer ao delegado Hércules Ferreira Sodré, responsável pela operação.

No relatório, obtido pelo MidiaNews, os fazendeiros estariam juntando esse montante para tentar subornar o delegado, “prevendo uma possível situação que os levariam a prejuízos em função da perda dos lotes comprados”. Em entrevista coletiva, na semana passada, o delegado não falou sobre a suposta tentativa de suborno. Mas o assunto está sob investigação, já que todas as denúncias serão investigadas, já que os documentos apreendidos e depoimento dos agentes serão analisados até o dia 27 de dezembro.

Os nomes dos empresários envolvidos nesse esquema de tentativa de suborno não foram revelados no documento, mas durante explicação da operação, o delegado Hércules Sodré disse que o grupo criminoso era estruturado em três escalões.

O primeiro, formado por empresários e políticos. O segundo, por membros de sindicatos e servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). E o terceiro por "laranjas", que cediam seus nomes para os empresários comprarem as terras.

Quando os agentes federais foram verificar as informações dos informantes no assentamento, a maioria dos empresários não residia ou não estavam mais em sua propriedade. Os agentes confirmaram que a maioria estaria morando em Lucas do Rio Verde, ou até mesmo fora de Mato Grosso.

Falta de Segurança

A PF relatou que na cidade de Itanhagá, que atualmente tem 8 mil habitantes e conta apenas com seis policiais militares fazendo a segurança dos moradores, ainda é possível ver pessoas andando armadas.

Em trecho do relatório, os agentes da PF relatam que pessoas ainda são assassinadas por briga de terra, mesmo o assentamento sendo ocupado apenas por 10% de pessoas com cadastro dentro dos padrões legais.

A falta de segurança é tamanha que já tentaram invadir o posto policial da cidade. “Parte da população, que deseja o continuísmo, já entrou em confronto com a polícia da cidade”, diz parte do relatório. O informante da Polícia Federal também foi vítima da violência no assentamento.

“Por pouco ele não morreu. Levou um tiro na mão e o autor ainda não foi preso. Pessoas que saem de suas casas para fazer algum tratamento médico quando voltam os lotes já se encontram ocupados. Por conta da ameaça veladas ou diretas, a população não sente encorajada para brigar por seus direitos”, relata o agente ao delegado Sodré.

Conclusão dos agentes

Por conta do que foi visto e relatado, os policiais consideram que “o assentamento Itanhangá necessita de uma reformulação com devolução dos lotes aos seus verdadeiros destinatários: os agricultores familiares, a responsabilização dos malfeitores criminosos e a recuperação da área degrada”.

Acusações
As investigações apontam que, além do esquema criminoso de compra e venda de lotes, ameaças, invasão de terras e crimes ambientais praticados no Programa Ambiental Itanhangá, a quadrilha investigada na Operação "Terra Prometida" praticou estelionato, fraude documental, associação criminosa e corrupção ativa e passiva.

A PF indicou ainda a possibilidade de ações como contrabando de agrotóxico e defensivos agrícolas, porte ilegal de armas de fogo, utilização de laranjas por fazendeiros para inscrição fraudulenta perante o Incra e até tráfico de drogas.

Segundo a PF, as penas podem chegar a até 12 anos de reclusão. Por enquanto, 34 estão presos preventivamente em Cuiabá e 18 continuam foragidos.

Operação
A operação foi deflagrada nos municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Nova Mutum, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Itanhangá, Ipiranga do Norte, Sorriso, Tapurah e Campo Verde.

Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Diamantino e, dentre os alvos, estão oito servidores públicos. Há também investigados nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O inquérito policial foi instaurado em 2010, após denúncias veiculadas pela imprensa a respeito de irregularidades na concessão e manutenção de lotes destinados à reforma agrária.

Segundo a PF, no transcorrer da investigação descobriu-se uma verdadeira organização criminosa, com forte atuação na região de Lucas do Rio Verde e Itanhangá, estruturada para cometer crimes de invasão de terras da União.
 

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