A delegada de Polícia Civil de Lucas do Rio Verde, Ana Terra, disse, hoje, que Marcelo de Ochoa de Freitas, de 35 anos, preso pelo feminicídio de Francisca Alves do Nascimento, de 35 anos, morta a facadas, ontem à noite, nas proximidades da rodoviária, não demonstrou arrependimento e também explicou detalhes de como ocorreram os fatos até o momento do crime. “Essa vítima estava em casa, o suspeito estava na rodoviária, uma das filhas da vítima teria ido até a rodoviária para despedir desse suspeito, tendo em vista que eles tinham uma boa relação. Tratava ele como tio. Eles foram ao local, chegaram a fazer uma foto e encaminhar para vítima onde a filha fala que ele estava indo e queria que eles continuassem. A vítima se desloca até a rodoviária, no local ele a chama para uma conversa mais afastada por trás do muro que aparece nas imagens, que mostram toda prática. Naquela ocasião chama ela para o canto, chega a dar um abraço e fala para ela ‘você não disse que me amava?’, a partir disso ele inicia a execução criminosa”, detalhou.
“Ele não demonstra arrependimento, disse que não adquiriu aquela faca especificamente para a prática do crime, todavia foi pouco antes dos fatos e estava com ela naquele momento. Ele manifestou sentido que se ela não tivesse ido ao local o crime não teria ocorrido, demonstrando mais uma vez a questão do intuito de culpabilizar a vítima que é uma característica do ciclo de violência doméstica. Ele falou que ela tinha outros relacionamentos, mas nada disso justifica”, acrescentou.
A delegada também falou sobre pessoas que transitavam na avenida enquanto ocorria o crime. “O que a gente também percebe no vídeo que foi juntado ao procedimento é que algumas pessoas passaram pela rua, mas não impedem a prática criminosa. Prestam auxiliam somente após a vítima conseguir se desvencilhar do suspeito e chegou infelizmente a essa fatalidade”, disse.
Ana também falou que o suspeito já possuía dois registros em decorrência de violência doméstica pela ex-companheira. “Realizamos levantamentos e obtivemos informações que a vítima e o suspeito tinham um relacionamento amoroso a aproximadamente 4 anos, a vítima tinha filhas, mas que não eram desse relacionamento, que tinha tido algumas idas e vindas. Desse tempo que permaneceram juntos o suspeito teria praticado outros atos de violência, em março de 2022, com poucos meses de relacionamento foram os primeiros atos agressivos, onde a vítima veio a ser agredida fisicamente pelo suspeito, tendo ele sido autuado em flagrante pelo crime de lesão corporal, foi conduzido à delegacia, e agora em dezembro de 2023 teve outra autuação em Cuiabá, onde o suspeito também foi conduzido em flagrante”.
“Nas duas ocasiões a vítima, não quis a medida protetiva de urgência e demais garantias da lei Maria da Penha, ela demonstrou que não tinha interesse, acreditava não vivenciar um ciclo de violência doméstica em que tese ter indícios que ela já vivenciava desde o início, tanto que no ciclo que a gente tem atos de tensão, atos violentos, atos arrependimento e o ciclo continua, percebemos que o tempo que ele chegou nos atos violentos foi muito rápido”, detalhou.
“Também percebemos uma progressão rápida da última violência que foi em dezembro para agora a consumação do crime de feminicídio”, disse a delegada, que interrogou o suspeito esta manhã. Ele deve passar por audiência de custódia e posteriormente ficar à disposição da justiça.
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