Gabriel Araújo, 28 anos, e Vinicyus Andrade, 22 anos, voltavam para casa após uma festa quando decidiram parar para lanchar. Ao descer da moto, em uma lanchonete na região da avenida Beira Rio, Vinicyus foi surpreendido com socos e pontapés por um homem que também chegava no local. O crime ocorreu no dia 6 deste mês.
Cinco dias depois, o Grupo Estadual Combate aos Crimes de Homofobia (GECCH) e integrantes do colegiado receberam os rapazes para apurar as informações e garantir o apoio no acompanhamento dos fatos. O secretário do GECCH, major PM Ricardo Bueno, fez questão de ressaltar o comprometimento do grupo com o ocorrido.
“Independentemente da orientação sexual, são todos cidadãos que integram a nossa sociedade e merecem a garantia de seus direitos. Não podemos permitir que casos como estes passem despercebidos. O GECCH representa a força LGBT junto no Estado e na Segurança Pública. Vamos acompanhar este caso e prestar o suporte a esses jovens que estão visivelmente abalados”.
Ainda sobre o caso, o secretário solicitou que fosse feito um levantamento das imagens das câmeras de videomonitoramento da Sesp para identificar se houve perseguição por parte do agressor. “Vamos levantar as imagens que temos aqui e também solicitar as imagens da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), afim de buscar em qual qualificação de crime este agressor se enquadra”.
Os rapazes disseram que não conhecem o agressor e, por conta da ação inesperada, não conseguiram identificar o rosto e a placa do veículo do homem que foragiu do local. Além disso, Gabriel alegou que eles não receberam ajuda no local e ainda foram expulsos do estabelecimento após a agressão.
“Um rapaz que trabalhava lá veio até nós e falou para gente sair dali e ligar para a polícia em outro lugar por que ele não queria confusão. Sequer nos ofereceu uma cadeira ou um copo de água”.
Vinicyus diz que ele e o namorado não escondem o relacionamento e que temem por não saberem quem é o agressor e o que motivou a ação. “Eu desci da moto na frente e fui caminhando em direção ao balcão para fazer o pedido, quando ele alcançou o Gabriel. Não fazia um minuto que havíamos chegado ao local. Não sei quem é essa pessoa e nem por que ela fez isso. Estamos com medo”.
Os dois jovens são estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), entre amigos e na faculdade afirmam nunca terem sofrido qualquer tipo de retaliação por conta da orientação sexual.
O GECCH acompanha o andamento da investigação e pretende auxiliar na apuração com o levantamento de mais informação e com as imagens das câmeras de monitoramento. A ocorrência segue sob investigação na Polícia Judiciária Civil (PJC).
“Todo conteúdo que conseguirmos será encaminhado à PJC para que seja anexado ao processo de investigação. Assim, pretendemos contribuir com a resolução deste caso e chegar ao autor desta ação criminosa. É lamentável que em meio a tanto desenvolvimento ainda temos que lidar com o preconceito. É preciso que as pessoas registrem as ocorrências por crimes de homofobia. Muitas ainda têm medo, e casos como estes passam despercebidos, deixando os autores impunes e a sociedade LGBT fragilizada”, acrescentou o secretário.