Presa em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, a adolescente R.C.S., 17, confessou ter matado 30 pessoas em várias cidades do Brasil, entre elas Pontes e Lacerda e Cáceres, na região oeste de Mato Grosso, e Várzea Grande. A Polícia Civil de Mato Grosso anunciou ontem que vai fazer um levantamento dos crimes sem solução, de 2006 até hoje, praticados na região com o mesmo modus operandi utilizado pela adolescente: com arma branca e cujas vítimas foram homens adultos, para comprovar a autoria. Pedirá também uma fotografia da jovem, para auxiliar nas investigações.
Segundo o delegado Mauro Truzzi Otero, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São José do Rio Preto, a adolescente foi apreendida na segunda-feira (6), após se envolver em uma briga em um bar na periferia da cidade. Levada pela Polícia Militar à delegacia, ela dormiu, porque estava embriagada, e, depois de acordar e comer, passou a relatar que já havia praticado 30 homicídios. Onze deles – sendo 9 em Aparecida do Taboado (MS), 1 em Capelinha (MG) e outro em São Simão (SP) – foram contados em detalhes.
A frieza com que a adolescente revelou detalhes dos crimes impressionou o delegado Mauro, que a comparou ao criminoso Roberto Aparecido Alves Cardoso, 22, o “Champinha”. Em 2003, aos 16 anos, ele liderou a quadrilha que sequestrou e matou o casal Liana Friedenbach, 16, e Felipe Silva Caffé, 19, na cidade de Embu-Guaçu, na Grande São Paulo. “Champinha” confessou ter torturado, estuprado e esfaqueado a jovem dias depois do sequestro.
Ao delegado Mauro, R. contou que nasceu e foi criada em Aparecida do Taboado (MS). De família desestruturada, ela teria tido uma infância difícil, e “caído no mundo” ainda nova. Nessas andanças, se envolveu com “vagabundos”. Disse ainda que “odeia arma de fogo” e que já havia “matado 3 num só dia”. Alguns desses crimes teriam sido encomendados, outros cometidos por iniciativa própria. Em uma ocasião ela teria matado um pedófilo, que gostava de meninas de “9 e 10 anos”.
Segundo o delegado, a adolescente não aparenta possuir transtorno mental, mas ele não acredita que ela seja normal. “Se ela fez metade do que falou não é normal, se não fez nada também não é”. Para ele, o perfil da adolescente, que relata os crimes com frieza e sem demonstrar remorso, revela a personalidade de um psicopata.
O titular da DIG encaminhou o relatório com o depoimento da jovem à Polícia Civil de Aparecida do Taboado, que já encontrou 2 boletins de ocorrência com fatos idênticos aos narrados pela jovem. Segundo funcionários da delegacia, toda a Polícia da região está mobilizada para investigar os fatos narrados pela jovem.
Por decisão judicial, ela foi transferida na terça-feira (7) para Aparecida e recebeu medida sócioeducativa de internação, onde será acompanhada por psiquiatras.