O Ministério Público Estadual, por meio do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), denunciou, na sexta-feira (26), 45 pessoas integrantes de uma organização criminosa especializada no tráfico de entorpecentes adquiridos na região de fronteira com a Bolívia e distribuídos em vários estados do território nacional. O grupo foi desarticulado durante a operação "Comboio", da Polícia Federal, deflagrada em abril deste ano. Os denunciados são acusados pela prática de tráfico interestadual e associação ao tráfico. A denúncia foi protocolada na Vara Especializada do Crime Organizado da capital, para onde o inquérito foi remetido.
De acordo com a denúncia do promotor Marcos Regenold Fernandes, a organização agia a partir da cidade de Pontes e Lacerda e circunvizinhanças, de onde enviava, de forma reiterada, carregamentos de entorpecente para receptadores/traficantes espalhados em diversas cidades, especialmente para os estados do Pará, Maranhão e Piauí. "Parte dos denunciados já respondiam à ações penais nos locais onde foram presos em flagrante durante as investigações da Polícia Federal", explica o promotor de Justiça.
As investigações da Polícia Federal tiveram início um ano antes da deflagração da operação, a partir do relatório de inteligência da Operação Sentinela. Nesse relatório, foram reunidas informações de que um grupo de indivíduos, voltados ao tráfico interestadual de cocaína, estaria atuando a partir da cidade de Pontes e Lacerda abastecendo outros estados. No decorrer das investigações, foram efetuados nove flagrantes, que resultaram na apreensão de quase 580 quilos de cocaína e pasta base, além de diversos automóveis, bem como na prisão de treze pessoas, sendo a maioria delas caracterizadas como "mulas do tráfico".
Entre os denunciados, 18 deles são considerados os cabeças da organização.
No dia 18 de abril deste ano, cerca de 200 policiais federais participaram da operação para cumprimento de 52 mandados de prisão preventiva e 30 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juízo da Terceira Vara da Comarca de Pontes e Lacerda, os quais foram cumpridos nos estados do Mato Grosso, Pará, Tocantins e Maranhão.
A Operação Comboio recebeu esse nome em razão de que os veículos utilizados pelos principais integrantes possuíam equipamento de rádio comunicação, que geralmente é utilizado por motoristas que se comunicam entre si em caso de algum acidente, mas que, nesse caso, era utilizado pela quadrilha para facilitar o transporte de entorpecentes, de forma que possibilite aos "batedores" avisar quando avistarem barreiras policiais.