Australiamar Fernandes Ferreira, 37 anos, foi preso em flagrante pelo delegado Eduardo José do Prado, que se passou por paciente e marcou consulta com o suspeito de exercer ilegalmente medicina no hospital municipal de Iaciara (GO). Ele trabalhava há três meses como médico do Exército contratado pela prefeitura e com um consultório particular.
A Polícia Civil identificou 25 pessoas que teriam sido operadas pelo técnico de enfermagem. Segundo a polícia, como funcionário público, Australiamar ganhava R$ 19 mil. No consultório, ele cobrava de R$ 30 a R$ 50 por atendimento. Com ele, teriam sido encontrados centenas de prontuários, de pacientes que acreditavam estarem sendo tratados por Alexandre Morais Xavier, que na verdade é um médico goaino que mora no Estado de São Paulo.
Australiamar esteve em janeiro em Tabaporã, Mato Grosso, onde é suspeito de atuar como falso médico e teria fugido da cidade depois de operar um funcionário do fórum local que sofria de apendicite. O paciente teve complicações e foi parar na UTI.
Na casa e no consultório de Australiamar, foram confiscados dezenas de documentos falsos, inclusive decisões de juízes de Santa Catarina, assinadas em branco. Havia documentos de médicos, informações sobre políticos, cheques em branco, cartões de crédito, carimbos falsificados e guias médicas.
“Estamos numa cidade pequena, carente de serviços de saúde, e ele apareceu como médico. É uma pessoa tranqüila e de carisma. A profissão de médico exerce uma influência na sociedade. Então não foi difícil ele se entrosar e conseguir emprego. Ele conseguiu cativar tanto a população, que hoje teve um protesto na delegacia, umas 30 pessoas reclamaram contra a prisão do ‘doutor Alexandre'”, disse o delegado.
Segundo Prado, Australiamar é procurado pela Polícia Federal da Bahia, Distrito Federal, Ceará, Mato Grosso e Minas Gerais. Também é procurado pela Polícia Civil do Mato Grosso e respondia a processo em várias delegacias de Goiás. O suposto falso médico é foragido do regime semi-aberto de Guapo, no mesmo Estado.
“A Polícia Civil está indo atrás de toda a ficha dele. É bem extensa e pode ter muito mais coisa. Encontramos fotos dele em outras cidades, e como ele tinha documentos de outros médicos, acreditamos que ele possa ter agido em outros locais, inclusive em Minas Gerais”, comentou o delegado.
Foi o delegado quem efetuou a prisão em flagrante, depois de marcar uma consulta no hospital. “Quando entrei e me identifiquei, ele não esboçou reação. Já foi dizendo que não era médico e se entregou”, disse Prado.