Foi identificado o autor dos disparos que mataram o flanelinha Fabiano Pereira, 27 anos, na segunda-feira (22), na praça Santos Dumont, região central de Cuiabá. Trata-se de um aluno da Escola Estadual Liceu Cuiabano, localizada nas proximidades. O delegado titular da Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), Antônio Carlos Garcia, aguarda para os próximos dias a apresentação do jovem, o que auxiliará na elucidação do caso. Segundo o pai do autor do crime, ameaças feitas por Pereira teriam motivado o homicídio.
Contudo, ele não soube informar nem por qual motivo o suposto assassino era ameaçado e tampouco o paradeiro da arma. Em conversas informais, o pai revelou que no dia anterior à execução, o filho telefonou ao irmão e pediu a ele que o buscasse na escola por medo de Pereira. O guardador de carros teria alardeado a outros estudantes que estava armado e naquele dia iria atacar o jovem. No local, eles encontraram 2 policiais militares que, em ronda pela região, não
localizaram o flanelinha.
No dia do crime, conta o pai que o jovem aguardava o ônibus no ponto, momento em que teria sido avistado por Pereira. Ao se aproximar do ponto, ele sacou a arma e entrou em luta corporal com o estudante, que teria conseguido tomar a arma e fazer os disparos. A versão ainda deverá ser comprovada pelo delegado. "Há aí uma controvérsia que será elucidada pelas provas técnicas. Informações que obtivemos no local demonstraram que ele perseguiu a vítima".
A vítima, que era conhecida na região como "Baianinho", foi assassinada com 2 tiros no tórax próximo ao ponto de ônibus, por volta das 19h30. Nesta quinta-feira (25), a irmã de Pereira esteve no Instituto Médico Legal para fazer o reconhecimento e os demais procedimentos para liberação do corpo. Informações da Polícia Civil dão conta de que o guardador de carros possuía passagem criminal pelo crime de furto, em 2008. Ele também era conhecido na região por vender entorpecentes a frequentadores de bares e boates.
Quando criança, Pereira chegou a trabalhar na cantina do colégio. O gerente do estabelecimento, Rogério Teixeira Carvalho, 52, lembra de tê-lo conhecido, ainda menino, quando dormia nas proximidades do colégio. Comovido com a situação, ele levou Pereira para morar na sua casa e o matriculou na escola. Fora do horário escolar, Pereira ajudava o dono da cantina no atendimento aos outros alunos.
Tempos depois, Carvalho foi acusado pelo Conselho Tutelar de exploração do trabalho infantil. Com medo de punições, ele rompeu o vínculo com Pereira que, desde então, passou a morar definitivamente na rua. Com o tempo, ele também deixou de estudar, mas era visto frequentemente na região.