Dois delegados de polícia e uma equipe da Gerência de Operações Especiais (GOE) foram designados para reforçar as investigações da origem de mais de R$ 3,2 milhões apreendidos pela Polícia Civil, em Canarana, no último domingo (5). O montante estava com J.S.M., 41 anos, que chegou a oferecer R$ 500 mil a dois investigadores e ao delegado da cidade, João Biffe Júnior, para ser liberado.
As investigações são presididas pelo delegado, que recebeu reforço do delegado regional de Água Boa, Weber Batista Franco, e do delegado de Campinápolis, Sued Dias da Silva Junior, para finalizar as apurações, nos próximos dez dias. Este é o prazo da prisão em flagrante do suspeito, que teve a prisão preventiva decretada pelo juiz de Canarana.
O suspeito foi transferido, ontem, para a Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, em operação conjunta da Polícia Civil, por meio da Regional de Água Boa e a Gerência de Operações Especiais, que fez a escolta do suspeito com apoio de aeronave do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).
O dinheiro, sem origem comprovada, foi encontrado na carroceria de uma Toyota Hilux, que era conduzida pelo suspeito, investigado também pelo Departamento de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), de Recife (PE), por tráfico internacional de drogas. Em 2014, ele foi preso naquela cidade com R$ 940 mil e ofereceu R$ 200 mil à polícia para não ser preso.
A quantia de R$ 3,2 milhões, apreendida em Canarana, estava dividida em três sacos escondidos na carroceria da caminhonete, embaixo de esterco, cerâmicas, madeiras e alimentos. Quando os policiais descobriram o dinheiro, o suspeito rapidamente disse "é real, deixe isso aí e vamos conversar".
Ao ser questionado sobre o tipo de conversa, o conduzido voltou a falar aos policiais civis para deixar os sacos na caminhonete e que não dissesse nada a ninguém, pois poderia dar uma "ajuda". Na delegacia voltou a oferecer dinheiro, um total de R$ 500 mil, só que desta vez ao delegado de Canarana, João Biffe Júnior.
O delegado informou que o oferecimento de propina foi registrado em vídeo e será usado como prova no inquérito policial, pelo qual o suspeito foi preso em flagrante por crime de corrupção e lavagem de capitais.
Conforme o delegado, o suspeito não apresentou qualquer documentação da origem do dinheiro, e portanto teve o numerário apreendido pela Polícia Civil e depositado em conta da Justiça, vinculado ao auto de prisão em flagrante. "Ele confessou que enterrava tais valores por questões de segurança", disse o delegado.
De acordo com João Biffe, na Delegacia o suspeito alegou ser "cidadão de bem", proprietário de fazendas na região e que era comprador de gado. No entanto, realiza declaração de Imposto de Renda como pessoa isenta. "Situação incompatível com os valores apreendidos, pois não encontramos nenhuma propriedade em seu nome e nenhum documento de compra ou venda de gado".
Há meses o acusado era monitorado pela Polícia Civil por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas. Durante as investigações, os policiais contataram que era de costume dele chegar em Canarana, geralmente, no final da tarde, permanecendo hospedado em um hotel até o anoitecer, quando então deixava a cidade.
No domingo (5), a Polícia Civil recebeu informação de que ele estava novamente no município, onde em diligências foi localizado nas imediações do hotel, conduzindo a caminhonete.
O delegado informou que encaminhou ofício ao Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro (Lab-LD) e a Receita Federal, por suspeita de crime de lavagem de dinheiro. O Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT) também foi notificado para informações de registro de compra e venda de gado.