Um jovem de 17 anos envolvidos em diversos furtos, numa tentativa de homicídio, ocorrida no último final de semana, e em uma tentativa de roubo seguida de morte (latrocínio), foi localizado ontem pelos investigadores do Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) do bairro Verdão. O menor foi detido no bairro Cidade Alta, em Cuiabá, região da maioria das ocorrências.
O adolescente é mais um nas estatísticas de menores envolvidos com o crime. Somente em Cuiabá, houve um crescimento de 81,49% nos atos infracionais instaurados. Em 2008, a Delegacia Especializada do Menor (Dea) abriu 1.216 procedimentos de adolescentes em conflito com a lei, contra 670 no ano de 2007. Dos concluídos foram 1.159 em 2008 para 662 no ano anterior, acréscimo de 75,08%.
Quanto ao menor detido, à delegada Ana Cristina Feldner, responsável pela lavratura do ato infracional, disse que o adolescente praticou três roubos em casas de jogos eletrônicos (lan house), e em uma das ocorrências, a vítima foi atingida por um disparo de arma de fogo. Conforme a delegada, a polícia chegou à identificação do menor depois que uma vítima o reconheceu por meio de fotografia do arquivo da delegacia. Outras quatro vítimas também fizeram reconhecimento.
“O adolescente é extremamente perigoso, costumava agir sozinho ou na companhia de comparsas escolhidos por ele”, disse Ana Cristina.
O delegado Adalberto Antonio de Oliveira, titular da Dea, de Cuiabá, atribui ao crescimento da delinquência juvenil a problemas familiares e o envolvimento com drogas. Segundo ele, o perfil do infrator não mudou, a maioria possui estrutura familiar desequilibrada, está fora da escola e faz uso de drogas. “A incidência maior é com drogas que leva ao furto e ao roubo”, disse o delegado.
Os adolescentes apreendidos encaminhados à Delegacia Especializada do Adolescente (Dea) passam por uma triagem no setor de acompanhamento psicossocial da unidade, cujas informações colhidas subsidiam as investigações. O setor oferece apoio psicológico e emocional aos menores e ainda faz o acompanhamento das famílias do adolescente infrator quando é devolvido aos pais. O trabalho é realizado por especialistas nas áreas de psicologia, assistência social e pedagogia.
A análise do prontuário dos adolescentes infratores aponta que o crescimento de menores com a criminalidade é reflexo da desestruturação familiar, da violência doméstica, da falta de emprego, do envolvimento com drogas, entre outros fatores extrínsecos e intrínsecos. “O trabalho que o hoje o Estado desenvolve de parceria facilita a adoção de medidas e contribuem para redução das reincidências”, ressalta a psicóloga Helen Capistrano, da Dea. O que não significa, conforme a psicóloga, a adoção de novas políticas públicas.