A Delegacia Especializada de Crimes Fazendários deflagrou, há pouco, operação “Pirâmide de Morfeu” para cumprir 17 ordens judiciais de buscas e apreensões domiciliares, em Primavera do Leste (239 quilômetros de Cuiabá), contra alvos investigados por crimes contra a ordem tributária e economia popular, falsidade ideológica e organização criminosa. Os mandados incluem ainda o sequestro de bens e valores pertencentes ao grupo criminoso, o bloqueio de várias contas correntes e de três veículos.
As ordens foram expedidas pelo juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, baseadas em investigações promovidas pela Delegacia Fazendária Unidade de Inteligência Fiscal e Monitoramento da secretaria de Estado de Fazenda e 14ª Promotoria de Justiça Criminal da capital, envolvendo a criação de um grupo financeiro fictício com a atuação na cidade de Primavera, onde foram constituídas várias empresas, aparentemente vultosas, com atuação em diversos segmentos econômicos.
As empresas exibiam propagandas e vídeos comerciais bem produzidos, prometendo às vítimas enormes ganhos a partir de investimentos no agronegócio mato-grossense. A polícia descobriu que as informações exibidas eram todas de fachada, sem qualquer lastro econômico, inclusive, com a apresentação de propriedades rurais que não pertencem à organização. Com isso, os investidores (vítimas) eram ludibriados com a promessa de retornos financeiros muito acima da média comercial, fraudando o fisco estadual e instituições bancárias por intermédio de dois investigados.
Os dois são irmãos e já foram investigados por estelionato e respondem a diversos processos de execução. Um foi preso em uma operação da Polícia Civil no Maranhão, por estelionato, e tem diversos boletins de ocorrências registrados pelo mesmo crime.
As empresas criadas pertencem ao fictício grupo econômico Agro Bom Sucesso, Grupo SBS e Confraria Agrícola, informa a Polícia Civil. A investigação apurou que, até o momento, há diversas vítimas da organização criminosa que investiram valores de R$ 50 mil e R$ 250 mil e outras aplicaram valores acima dessas quantias e estão com dificuldades para receberem o valor do investimento e dos altos dos lucros prometidos.
Para atrair o investidor, a organização tem como modus operandi mostrar uma estrutura atraente. Os primeiros investimentos de valores menores são pagos corretamente, criando nas vítimas a ilusão de um investimento seguro, mas que, no entanto, após um período começam a ter dificuldades para receber o que foi aplicado.
Durante as investigações, os órgãos estaduais não localizaram qualquer registro formal do suposto grupo como também nenhuma holding que agregasse as empresas do fictício do grupo.
De acordo com a Sefaz, a empresa iniciou suas atividades, supostamente, em 2018, no estado do Maranhão e, posteriormente, foi transferida para Mato Grosso em 2019. E, até 22 de março do ano passado, recolheu apenas R$ 149.9 mil aos cofres públicos e declarou ao órgão fazendário estadual a realização de operações comerciais que somam mais de R$ 9 milhões. Porém, os valores relativos à sonegação do fisco são estimados em R$ 1,6 bilhão.
As informações são da assessoria da Polícia Civil.