A decoradora Emanuely Félix Lucena depôs, hoje, na Delegacia de Defesa do Consumidor, sobre a acusação de dezenas de noivas que supostamente foram enganadas por ela. O sumiço dela ocorreu na última sexta-feira (20), quando deveria estar preparando a decoração de ao menos 3 eventos. Os contratantes foram ao escritório dela que ela mantinha, se depararam com a empresa fechada.
Emanuely declarou que decidiu sair da cidade devido a um desequilíbrio econômico que a impediu de honrar os compromissos avaliados em aproximadamente R$ 800 mil. A decoradora responderá pelos crimes de estelionato e propaganda enganosa.
Segundo a delegada Ana Cristina Feldner, foram lavrados até o momento 22 boletins de ocorrência de pessoas que contrataram os serviços da decoradora e temiam um calote após o sumiço. empresária afirmou que possui 78 contratos fechados, sendo que três deles para ser realizados em 2016. “Nós temos registro de 22 boletins de ocorrência, mas ela afirma que são 78 clientes, que somam uma divida de R$ 800 mil”. Um levantamento patrimonial também deverá ser realizado.
O prazo para a conclusão das investigações é de 30 dias, porém a responsável pelo caso pretende concluir antes, e, a possibilidade de um pedido de prisão não está descartada. “A prisão pode ser pedida, mas hoje ela prestou depoimento e nós precisamos colher mais informações e depoimentos”.
O advogado Sergio Batistella acompanhou o depoimento e declarou que ela não tinha intenção de prejudicar suas clientes. “Ela está triste, abatida, bastante abalada com relação às pessoas que ela deixou no prejuízo, porque não era isso que ela queria. A intenção dela era se recuperar e pagar, mas no momento isso não é possível porque ela ficou sem nada, absolutamente sem nada, sem nenhum centavo”. O advogado também afirmou que sua cliente ainda pretende pagar a divida através do seu trabalho.
Batistella explicou que os valores acordados não cobriam as despesas finais das festas. Para tentar honrar os contratos, Emanuely ampliou a empresa e, além de casamentos, passou a realizar eventos infantis e formaturas para angariar recursos com locação de peças de sua empresa. Segundo ele, os casamentos traziam prejuízos pela oscilação dos preços do mercado, a exemplo, o valor das flores.
“Os eventos de casamento são eventos mais exigentes, em que ela tinha alugar produtos como flores que vinham de São Paulo e são produtos que tem uma alteração financeira muito rápida. Ela previa um custo de R$ 2,5 mil em um evento, mas na hora de pegar as flores pagava R$ 8 mil”.
Desde o dia 19 deste mês, Emanuely deixou de atender os telefonemas e a responder as mensagens enviadas por suas clientes. Todas as vítimas já haviam efetuado pagamentos à decoradora de parte ou o valor total do serviço. Com casamento marcado para o dia 26 de setembro, uma das noivas, que preferiu não ser identificada, teve prejuízo de R$ 16 mil e teme não conseguir reaver o dinheiro. “Se ele decretar falência, vai ser difícil conseguir o dinheiro de volta”. Há relatos de que algumas noivas chegaram de pagar cerca de R$ 50 mil em decoração.
Durante o tempo em que esteve sem dar notícias, Emanuely estava na casa de familiares em São Paulo, lugar que, conforme o advogado, ela teria ido para pensar e se orientar de como deveria agir diante da quebra financeira. Conforme Batistella, a decisão de sair da cidade ocorreu depois que sua cliente não conseguir refinanciar uma casa da família para quitar parte da dívida. “Ela estava pleiteando um imóvel da família para empenhar, mas no último dia, quarta-feira (18), chegou a notícia de que não seria possível por uma questão familiar”.
Emanuely também é acusada de ter realizado uma promoção em sua página em uma rede social antes de sumir sem prestar os serviços contratados. De acordo com algumas clientes, a propaganda oferecia a redução em até 50% nos preços cobrados. A estratégia foi vista como uma forma de conseguir dinheiro para fugir.
O advogado da empresária negou a existência de qualquer propaganda enganosa em sua página na rede social e afirmou que o que ocorreu foi um reajuste no contrato de uma das clientes. “Não houve promoções. Ela fazia contratos e dava descontos para aqueles pagos à vista. Além disso houve também um reajuste de contrato com uma cliente, com uma redução de custo da festa”.
(Atualizada às 17:07h)