Cinco dias após o tiroteiro registrado no bairro Tijucal, em Cuiabá, que resultou na morte do soldado Kenedy Campos da Costa, 25 anos, e deixou o sargento Jorge Roberto e Silva, 42 anos, baleado por três disparos, as informações permanecem confusas e o caso está longe de uma solução. O inquérito para apurar as circunstâncias da morte será presidido pela delegada Alana Cardoso, mas está em fase inicial.
Segundo um investigador da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), entre as dificuldades da Polícia Civil para avançar nas investigações, está o fato de as armas de fogo envolvidas no caso, uma pistola calibre ponto 40 que pertence ao sargento e um revólver calibre 38, do soldado, terem sido recolhidas pelos policiais militares, mas não foram entregues à delegada. Além disso, não houve preservação do local do tiroteiro.
Outro fato que chama atenção, segundo o investigador, foi a confecção do boletim de ocorrências. “Esse boletim não condiz com as verdades dos fatos. É nítido que fraldaram informações”, critica. “Por que a PM recolheu as armas do crime? Por que não foram entregues?”, questiona.
O policial civil ponderou que ainda é muito cedo para concluir qualquer coisa, mas adianta que a DHPP irá esperar “baixar a poeira” para começar a apurar os fatos. A assessoria da Polícia Civil foi procurada para falar sobre a investigação, mas até o momento não se manifestou.
Kenedy morreu alvejado no peito após trocar tiros com Jorge, sem saber que se tratava de um colega de farda, na região do bairro Tijucal, em Cuiabá, no sábado. No auge da confusão, outra viatura chegou para dar reforço e informações preliminares apontam que policiais que estavam no veículo também desferiram tiros na direção dos PMs que iniciaram o confronto.
Segundo informações do 9º Batalhão da Polícia Militar, o soldado que estava de folga e sem farda, decidiu abordar sozinho o veículo onde estava o sargento. Este por sua vez, supondo ser um assalto, atirou contra Kenedy. Houve revide. Até agora não ficou claro se o tiro que acertou o sargento partiu da arma do soldado ou dos policiais que chegaram na viatura.
O soldado morreu na hora e o sargento foi socorrido e encaminhado ao Pronto-Socorro de Cuiabá em estado grave. Na terça-feira foi transferido para um hospital particular. A Polícia Militar disse que a família do sargento preferiu não divulgar detalhes do estado de saúde dele e a única informação repassada à corporação é que foi transferido a uma unidade privada.
Sobre a conduta dos policiais, a assessoria de imprensa informa que foi aberta um Inquérito Policial Militar (IPM), sob a responsabilidade da Corregedoria Geral da PM, mas não soube informar o prazo para a conclusão da investigação interna.